Não sei se já viveram fora de casa dos pais. Viver longe de casa é uma experiência do caraças. Quando me mudei para Lisboa, no 1.º ano de Ensino Superior, mudei-me para uma residência de estudantes. Ia partilhar quarto e senti, desde o primeiro momento, que não era naquele sítio que me iria fazer sentir em casa. Então, levei uma espécie de bandeira de pano dos Linkin Park para colocar na minha estante. Como ia partilhar quarto não queria levar o cachecol do Porto, mesmo que a outra rapariga estivesse pouco por lá.
No ano seguinte aluguei um quarto. Ali, em Benfica, tinha o meu cachecol do Porto para me fazer sentir mais em casa. Depois acabei por mudar de casa e nessa casa acabei por tornar aquele quarto num espaço mais meu. Cachecol do Porto, bandeira dos Linkin Park. Estava longe de casa mas sentia aquele espaço meu. No final até tinha várias fotografias da Dama na mesa que servia de secretária.
No início deste mês regressei a Lisboa. Quarto novo, casa nova, pessoas novas. Confesso que sofro um bocadinho de ansiedade nestas coisas. E se não gosto das pessoas? E se elas não gostam de mim? Quando comecei a reunir o que queria para fazer a mala, esta moldura foi a primeira coisa em que peguei. Costumava tê-la no meu quarto, da mesinha-de-cabeceira. Agora tenho-a aqui, como forma de ter um bocadinho de casa comigo, como forma de me sentir mais em casa. Também trouxe o cachecol do Porto. A bandeira dos Linkin Park ficou em casa, no meu quadro de cortiça onde tenho coisas que me fazem feliz. Costumava ter muitas fotos lá mas arrumei-as. A camisola do Torres ainda está lá, também. Talvez venha até cá.
Quando vinha para Lisboa, chorava sempre a despedir-me da Dama. Sempre. Parecia estranho chegar ao final do terceiro ano e continuar a chorar mas não era. Tinha sempre vontade de a trazer comigo, principalmente quando ela olhava para mim como se pensasse que a ia deixar para sempre. Desta vez trouxe-a. E sei que ela passará a ir comigo para onde quer que eu vá.
Mas que texto tão bonito! Estou a sorrir feita parva porque, tal como tu, acredito que a Dama está e sempre estará contigo! Não importam as circunstâncias! Um grande beijinho, Sofia!
LYNE