Desde Setembro que não havia, por aqui, uma ausência tão alargada. Durante estes meses publiquei quase diariamente, sempre com conteúdo e sem investir em publicações vazias ou com algo que não diz o que quer que seja. Mas cheguei a este mês com uma vontade enorme de ir à minha vida, sem me preocupar com publicar no blog. Decidi que o melhor que podia fazer era aproveitar tudo o que já me aconteceu este mês e quando fosse para escrever eu havia de escrever…
Não preparei uma lista de desculpas para me justificar, porque não tenho de o fazer… e porque não me sinto culpada. Tenho passado os últimos dias a fazer várias coisas e a pensar e repensar este blog. Calma! Respirem fundo! Está tudo bem! Não vou desistir do blog, nem estou em crise com ele. Mas tenho pensado muito em blogs. No meu e nos outros.
Há uns dias (umas semanas?) fiz a maior limpeza blogosférica de que me lembro. Para terem noção, no início de Março eu seguia uns 70 blogs. Uns dias depois passei a seguir metade. Se pensarem, desde há um ou dois anos que muita gente que sigo (ou seguia) — e que provavelmente vocês seguem — se tem queixado de que a blogosfera está em crise. Acho que não é a blogosfera; são as pessoas. E as crises sociais são muito piores.
Nos últimos meses tenho ouvido muita gente definir-se como autêntica. Talvez não fosse um problema se a autenticidade não fosse apontada até à exaustão. Yada, yada, yada, sou muito autêntica. Yada, yada, yada, temos de manter a autenticidade. Yada. Yada. Yada. Mas agora pergunto eu: até que ponto é autêntico estar sempre a realçar a nossa autenticidade?
Na primeira aula da Pós-graduação, o professor disse-nos que sermos autênticos era a única forma de termos sucesso. Mas não me lembro de ele referir que dizer que somos autênticos é bom para o sucesso… não me levem a mal: eu gosto de pessoas autênticas. Mas, para mim, essas não têm de dizer que o são para realmente o serem. E é aí que esta crise social-blogosférica se acentua. Durante muito tempo, todos queríamos ter um blog único, autêntico, espectacular. Queríamos ser as Pipocas cá (lá) do sítio, queríamos ser melhores, queríamos ser diferentes. Mas quisemos ser tão diferentes que começámos a tornar-nos demasiado iguais.
Agora, já não queremos ter blogs diferentes, ser diferentes, autênticos, espectaculares. Agora, queremos imitar os blogs diferentes, queremos encher blogs com frases vazias, vindas do nosso Twitter ou do nosso Facebook, queremos perder opinião para dizermos apenas concordo àquelas duas ou três pessoas que têm mais seguidores do que nós só porque, se elas dizem ou fazem algo, se calhar se formos iguais a elas vamos atingir os mesmos seguidores, vamos ser como elas.
Mas vamos realmente? Será que vale tudo para nos integrarmos na blogosfera? Será que vale mesmo a pena continuar a seguir blogs que nos fazem revirar os olhos a cada publicação? Será que queremos realmente ser autênticos ou queremos parecer autênticos?
Eu respondo-vos, para não terem de pensar muito: não vale a pena. Não vale a pena sermos mais uns que debitam coisas no Blogger, ou no Sapo, ou no WordPress. A segunda* coisa que aprendi na ESCS foi no dia das matrículas. Ali à entrada olhei para a parede e estava uma frase, o mote da ESCS: “Se formos mais uma escola, seremos uma escola a mais”. Passaram mais de quatro anos e continua a ser uma das minhas frases preferidas. E adapta-se completamente à conclusão deste texto: se for mais um blog, é um blog a mais. E, desculpem a sinceridade, mas começa a haver blogs a mais.
*a primeira coisa que aprendi foi: o piso da entrada é demasiado irregular, vamos lá caminhar com cuidado.
Como leitora há muuuuitos mais anos do que aquele(s) em que tenho blog, mais do que como "blogger": assino por baixo. Do your thing. Se temos um blog porque gostamos e porque temos gosto nele, óptimo. Se for só porque é giro e está na moda…Eh pá, não.
A malta deve andar com uma crise existencial, nos últimos dias tenho visto muita gente a queixar-se do estado da blogosfera!
Jiji
Concordo contigo e com o comentário da Joana: como sou leitora há muito mais tempo do que sou blogger ( só sou blogger há dois anos e meio), já acompanhei muitas "modas" da blogosfera, e sempre me enervaram aqueles blogs que imitam os grandes para verem se também têm sucesso.
Também já reparei agora nessa de estarem sempre a dizer que são autênticos. Se uma pessoa é sincera e autêntica, não tem necessidade de estar sempre a realçar isso.
Eu cá estou um pouco na minha. Claro que quero ter um blog que agrade aos meus leitores mas, em primeiro lugar, tem que agradar a mim. Eu só escrevo sobre aquilo que gosto e que sei. Das poucas vezes que tentei seguir modas ou imitar alguém deu merda, portant agora sigo sempre o meu instinto e só escrevo sobre aquilo que gosto :).
Infelizmente, a blogosfera tem passado por uma crise mesmo por causa disso. Porém, existem blogs como o teu para salvar a coisa, continua o teu bom trabalho 🙂 ( e o título do teu post fez-me apanhar um susto, pensava que ias desistir, não nos faças uma coisa dessas).
Beijinhos,
Cherry
Blog: Life of Cherry
Por muitos "blogs a mais" que existam, há alguns que passado muito tempo se tornam em blogs fantásticos. O problema é o percurso até lá, que, por vezes, mostram menos autenticidade; depois há aqueles que mostram o que são desde o início.
Os que aqui "passeiam", mais cedo ou mais tarde acabam por sair. O que não é feito por gosto, não dura 🙂
oh meu deus, Sofia! Tens tanta razão. muitas vezes tentamos criar algo diferente que é exatamente igual a todos os outros. e às vezes pausas na blogosfera são necessarias para repensarmos sobre se é mesmo isto que queremos.
Já leio blogs há demasiado tempo e sei bem disso. Tens toda a razão. Há blogs, mas não há pessoas lá. Há blogs cheios de pipis e nada de novo, apenas mais do mesmo. Eu adoro blogs com gente dentro, com vidas aleatórias, com partilhas, com coisas que nos ajudam a aprender mais sobre a vida. Não sou grande fã de blogs que partilham 1001 coisas bonitinhas, mas que têm vergonha de mostrar o quarto desarrumado, a cadeira cheia de roupa, a cozinha simples e comum… a sério, há crise na blogosfera, há sim, mas se fores a ver, os blogs autênticos, não se andam aí a gabar disso. 😀 E é por isso que eu adoro o teu! Pessoal e simples. E são blogs como o teu que me fazem continuar por aqui.
let's do nothing today
Eu não conseguiria ter um blogue se não fosse para ser eu mesma nele. Posso estar dias sem postar. Posso pôr só uma frase; uma música; um texto que nada tem a ver com a minha privada. É um espaço totalmente meu. Cópias já há muitas!
Parabéns pelo texto! Muitas pessoas deveriam lê-lo 😉
É por isso que fico possuída quando me vêm dizer "que blog tão giro, que layout usas para usar também?" damn. O importante é sermos nós mesmas e que o nosso blog seja mesmo o nosso reflexo.
Beijinho
thebrunettetofu.blogspot.pt