O comboio chegou à Campanhã atrasado e, além disso, a bilheteira para comprar os cartões Andante Tour tinha fechado oficialmente vinte minutos antes e, apesar da fila que ali se juntou, a senhora recusou-se a vender-nos os cartões. Então, apanhámos uma outra fila, esta de meia hora, nas máquinas automáticas. Lembrei-me logo do estado das filas no Cais do Sodré, em Lisboa, no domingo antes. Não era tão caótico, mas eu já estava a antecipar o pior. Chegámos ao AirBnb uma hora depois de termos saído do comboio. Depois de nos instalarmos, de irmos ao supermercado mais próximo abastecer-nos de comida para os dias que se seguiam e de comermos, decidimos ir aproveitar o resto do primeiro dia.
Fomos de metro até São Bento. O plano era atravessar a ponte até Gaia, descer e atravessar novamente até à Ribeira. No entanto, decidi que os planos podiam ser alterados e acabámos por descer primeiro até à Ribeira, pelo lado da Sé do Porto, em ruas e ruelas apertadas e sombrias (principalmente porque estava nublado), cheias de escadinhas e casas coloridas. Estive no Porto em 2010, numa visita de estudo, e tudo o que vi foi a Igreja e Torre dos Clérigos e a Fundação Serralves. Enquanto descia em direcção à Ribeira senti-me finalmente no Porto.
A Ribeira é, desde 1996, Património Mundial da UNESCO, juntamente com a Ponte D. Luís, o Mosteiro da Serra do Pilar e o centro histórico da cidade. Com casas de várias cores (ou com azulejos), é uma zona muito fotografada e que encontramos muitas vezes nos postais da cidade. Também é, possivelmente, uma das zonas mais movimentadas e cheias de vida de dia e de noite, para a qual ainda não encontrei equivalente noutro lugar do país. A maior parte das casas estão compostas, mas dei por mim, nas duas vezes em que passei pela zona, a lamentar o facto de haver algumas casas a precisar de reabilitação. Ainda assim, a Ribeira é um ponto de visita obrigatório. O Cais da Ribeira e o da Estiva estão cheios de restaurantes, cafés e bares, com esplanadas e vista para o rio Douro e para Gaia. Além disso, é uma zona muito bonita e perfeita para um passeio.
O dia em que chegámos foi também o dia em que o evento FC Porto na Ribeira aconteceu. Senti-me logo em casa a partir do momento em que chegámos à Praça da Ribeira e os Super Dragões estavam a cantar uma música muito simpática. Não vimos muito do espectáculo, porque queríamos ir a Gaia e estávamos cansadas da viagem, mas não estou habituada a estar rodeada de pessoas do meu clube, pelo que foi muito bom para mim estar ali. Senti-me um bocadinho em casa.
A PONTE D. LUÍS
Ao todo, há seis pontes que ligam o Porto a Gaia. A mais antiga é a ponte Maria Pia, travessia ferroviária que está desactivada desde Junho de 1991 e que foi construída por Gustave Eiffel, entre 1876 e 1877. Agora, os comboios chegam ao Porto através da Ponte de São João, situada mesmo ao lado da ponte Maria Pia.
Há ainda a Ponte da Arrábida, a mais próxima da Foz, que existe desde 1963. Quando foi inaugurada tinha o maior arco em betão armado do mundo; a Ponte do Freixo, visível da Ponte de São João, que foi inaugurada em 1995 e cujo principal objectivo era tentar descongestionar a Ponte da Arrábida e a Ponte D. Luís; e a Ponte do Infante, a mais recente de todas, inaugurada apenas em 2003.
Por fim, temos a Ponte D. Luís. Ou Luiz I, como está assinalado na mesma. A ponte foi construída por Théophile Seyrig, discípulo de Eiffel. Aparentemente, ambos terão trabalhado no projecto da ponte mas desentenderam-se e os créditos acabaram por ficar apenas para Seyrig. A ponte foi construída para substituir a Ponte Pênsil (Maria II), que se situava mesmo ao lado. Ainda podem, aliás, ver os pilares da ponte junto à entrada do tabuleiro inferior da ponte. Reza a lenda que, quando foi inaugurada, em 1886, o rei D Luís I faltou à inauguração, daí o nome ter ficado apenas Luiz I.
Esta ponte conta com dois tabuleiros: o superior, onde passa o Metro do Porto; e o inferior, reservado ao trânsito rodoviário. Ambos os tabuleiros são acessíveis a peões, pelo que sugiro que vão por um e voltem pelo outro. Nós fomos pelo inferior, porque estávamos na zona da Ribeira, subimos uma rua do demónio até ao Jardim do Morro, em Gaia, e voltámos ao Porto pelo superior. Mas aconselho irem pelo tabuleiro superior até ao Jardim do Morro, descerem e voltarem ao Porto pelo inferior… é menos cansativo.
Na realidade, até me queixava mais do cansaço se a vista não fosse do caraças! Do tabuleiro inferior da ponte vemos o rio e as margens mais ao nosso nível, mas do Jardim do Morro e do tabuleiro superior a vista é ainda mais bonita. Vemos as margens seguirem até bem perto da Foz, vemos a Ponte da Arrábida lá ao fundo e parece que o Douro se prolonga até ao infinito. Do outro lado vemos a Ponte do Infante e casinhas não tão bonitas como as da Ribeira, mas que dão ao Porto a identidade que tem.
Este é um percurso para se fazer com calma, a olhar para todo o lado, a tentar absorver o máximo e a apreciar o facto de ali (e em toda a cidade) haver muitas gaivotas, que dão a banda sonora ideal e a única necessária. A não ser, claro, que cheguem ao Jardim do Morro e comecem a cantar Rui Veloso. É perfeitamente legítimo. E bonito também. Sem esquecer que durante o dia a vista é linda… mas de noite é soberba! Mas sobre isso falamos depois!
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E, com isto… fiquei com saudades do Porto ♥
Adoro quando me levam a viajar por sítios que não conheço, mas tenho um carinho especial pelas publicações que fazem sobre a Invicta, a minha cidade do coração. Porque nas vossas palavras encontro sempre os motivos pelos quais a adoro, para além de aprender uns quantos factos novos!
Beijinho*
<3
MAS QUE REGISTO FOTOGRÁFICO DIGNO DE JORNAL, OH SOFIA! Adorooooo! *.*
Ler as tuas impressões foi tão bom, tão reconfortante. Flutuei até 2016, aos sentimentos que me habitaram no dia em que pisei o Porto, e quero regressar! Obrigada por este momento!
A Vida de Lyne
QUE EXAGERADA, LYNE!!!! Mas obrigada! 😀