#5 – Sprints ou Maratonas de Escrita?

Isto da escrita é um bocadinho como aqueles problemas matemáticos em que havia várias formas de chegar ao mesmo resultado. É a mesma coisa. Cada um tem as suas técnicas, as suas manias, a sua forma de trabalhar, mas, no final, se não houver procrastinação, todos acabamos por escrever.

No entanto, aqui há dias, surgiu-me uma questão: quando se trata de escrever, é melhor fazer sprints ou maratonas? Para responder, vou explicar-te em que consistem e como usá-los da melhor forma.

Sprints de escrita

Lembras-te das aulas de Educação Física e dos exercícios demoníacos que muitas vezes fazíamos? Pois bem, um dos exercícios de corrida que os meus professores adoravam era fazer sprints. Eu odiava. Acabava sempre a sentir que ia morrer (engraçado como nenhum professor se apercebeu dos meus problemas respiratórios em nenhuma ocasião). Estes exercícios consistiam em percorrer uma distância curta (10, 20, 100 metros, etc.) em determinado tempo, quanto mais rápido melhor.

Os sprints de escrita funcionam mais ou menos assim, normalmente de acordo com o método de Pomodoro. Este método consiste em cronometrar o tempo durante 25/30 minutos para fazer uma tarefa, fazer uma pausa curta e voltar a esses 25/30 minutos. Ou seja, escreves durante meia hora, paras dez minutos, voltas a escrever meia hora, e assim sucessivamente.

sprints de escrita

É o meu método preferido. Não uso realmente um cronómetro, só vou deitando um olho ao relógio do computador, mas é o método que mais uso. Escrevo trinta minutos, sem distracções (podes utilizar aplicações para bloquear a internet, se não tiveres controlo suficiente, ou desligar mesmo o wi-fi), paro durante dez minutos e faço algo para me distrair (vou buscar comida, vejo as redes sociais, vou à casa-de-banho). Depois volto para mais meia hora.

Não o uso sempre, mas é o método que mais tenho usado nos últimos meses e é muito útil. Normalmente desligo só o wi-fi do telemóvel e deixo o do computador ligado, porque costumo estar a ouvir música do Spotify. Se estiver em dias em que só quero desculpas para procrastinar, uso o Forest para me impedir de usar as redes sociais no computador. O Forest existe como extensão do Google Chrome e como aplicação para Android e iOS, por isso é prático.

A grande vantagem dos sprints é que estão limitados no tempo, ou seja, durante aqueles minutos concentramo-nos numa só coisa, conseguimos adiantar trabalho e não temos distracções. Com a prática, em meia hora conseguimos escrever cada vez mais e melhor. Se estiveres a meio de uma cena quando a meia hora chega ao fim não pares o sprint. Termina a cena e faz a pausa a seguir.

Maratonas de escrita

Voltamos às corridas. Presumo que saibas em que consiste uma maratona, não? Aquelas corridas longas, de várias centenas de metros (normalmente de vários quilómetros), que duram algumas horas. Quando treinávamos para o corta-mato, na minha escola secundária, os treinos eram sempre assim: começávamos a correr durante uns metros, depois abrandávamos até pararmos e passarmos a caminhar. Só corríamos quando sabíamos que o professor nos podia ver. Depois, claro, havia partes do percurso em que havia castanheiros e era sempre bom procurar castanhas para irmos trincando enquanto metíamos a conversa em dia. Distraíamo-nos facilmente.

Para mim as maratonas de escrita têm muitas semelhanças com estes episódios porque começamos sempre cheios de vontade, mas depois começamos a abrandar e a perder concentração e fazemos várias coisas ao mesmo tempo, prolongando a maratona sem realmente a cumprirmos.

Às vezes as minhas sessões de escrita transformam-se em maratonas e até consigo concentrar-me durante uma hora, às vezes duas. No entanto, não acho que este método seja o que dá mais frutos, pelo simples facto de ser mais difícil ao ser humano manter a concentração por períodos de tempo tão longos.

Inevitavelmente, desconcentramo-nos algumas vezes. A melhor forma de usar as maratonas de escrita é adaptá-las dentro dos moldes dos sprints. Ou seja, em vez de meia hora, fazemos uma hora de escrita, pausa de dez minutos, outra hora de escrita. Assim, é mais fácil estarmos sempre concentrados na escrita e não começar a dispersar.

maratonas de escrita

Que método de escrita usar?

É uma questão de experimentar, sinceramente. Experimenta ambos, experimenta também a versão de uma hora de escrita e dez minutos de pausa. Só assim vais saber qual a opção que melhor se adapta à tua forma de escrita.

Para mim, resultam melhor os sprints de 30 ou 60 minutos, com pausa de 10 minutos. Não me disperso, não faço outras coisas ao mesmo tempo, não tenho vontade de ir consultar redes sociais. Só escrevo.

Também costumo fazê-los com recurso a algo diferente: a duração de um álbum. Imagina que vou ouvir o Rubber Soul, dos The Beatles, como está a acontecer neste momento. O álbum tem 35 minutos de duração. Se o colocar no momento em que vou escrever posso tê-lo como guia e sei que vou escrever durante 35 minutos. Depois faço uma pausa, escolho outro álbum e tenho outro tempo para escrever. Faço isto muitas vezes, às vezes de forma inconsciente, outras vezes de propósito. Assim tenho a banda sonora e o tempo de escrita logo definidos. Simples, simples!

Gostaste destas dicas?

Conta-me: costumas seguir algum destes métodos? Qual resulta melhor para ti?

8 Replies to “#5 – Sprints ou Maratonas de Escrita?”

  1. Confesso que nunca tinha pensado nisto! E, depois de ler a tua publicação, percebi que, na verdade, não utilizo nenhum deles 🙂

  2. sem dúvida os sprints é como funciono melhor mesmo no trabalho. Uso no dia a dia a app tomato timer e noto mesmo que o meu rendimento seja no trabalho seja para o blogue é muito melhor 🙂

    beijinhos
    Vânia
    Lolly Taste

  3. Nunca pensei muito nisto, escrevo quando sinto que todo o meu corpo e a minha alma estão dispostos a isso, literalmente, apesar de, ultimamente, sentir necessidade de escrever mais vezes. Para mim, funcionaria melhor a técnica dos sprints… infelizmente, preciso de fazer sempre muita coisa ao mesmo tempo, não me vejo a ficar maratonas de horas em frente ao pc a escrever… um dia quando estiver a fazer a tese eheheh!

partilha a tua teoria...