Este diário de escrita vem atrasado, mas tinha de vir. Porque toda esta publicação é sobre dar tempo ao que escrevemos e, por isso, também este diário de escrita precisava de ter tempo. Vamos lá falar sobre dar tempo ao que escrevemos.
Se me segues no Instagram (@asofiaworld), já deves saber que um dos meus objectivos do ano é escrever todos os dias. Desde o dia 2 de Janeiro que isso tem acontecido e é muito bom saber que estou a cumprir algo tão importante para mim a nível pessoal e profissional. No entanto, isto é um objectivo que se divide noutros.
Escrever todos os dias é fácil de concretizar: escrever para o blog, escrever para outros sítios, escrever ficção, etc. No início do mês, no entanto, encalhei num capítulo que estava a escrever. Não sei o porquê de ter encalhado porque sabia perfeitamente o que escrever a seguir, mas não conseguia desenvolver. Tinha outros locais para os quais escrever e, por isso, decidi deixar o capítulo… e o livro. O drama, o horror!
Só que não. Fechei o ficheiro. Fiz a cópia de segurança. E não o abri durante duas semanas. Sim, duas semanas. Nessas duas semanas escrevi outras coisas. Escrevi para o blog. A parte de mim que sofre de síndrome de impostor dizia que nunca mais abriria aquele ficheiro porque na verdade aquilo não estava assim tão bom e não valia a pena me preocupar mais porque era só mais um livro começado e não terminado. E eu que até já tinha pensado no fim do livro!
O medo da página composta
Duas semanas sem tocar num rascunho pode parecer avassalador e sinal de que a escrita não está a correr bem. Na verdade, acho que é algo que faz muito bem ao texto. Não é só a página em branco que assusta. Ver um texto composto, num momento crucial e importante, prestes a atingir aquilo que pretendemos dele, também assusta. E, sinceramente, acho que me assustou mais do que a página em branco. Aquilo estava realmente a acontecer, a formar-se, a fazer sentido. Socorro!
E depois passou o pânico. Depois voltaram as palavras, voltaram as ideias. Não voltei ao ponto onde estava a escrever. Antes tive ideia para um capítulo mais à frente. Escrevi-o. Depois para outro ainda mais à frente (tão à frente que já fica fora do limite que tenho no livro). Escrevi-o. E depois voltei ao ponto onde tinha ficado e escrevi. E voltei a escrever. Escrevi mais um bocado. E escrevi aquela parte mais rápido do que tinha escrito as anteriores.
Parar o que estamos a escrever não é necessariamente largar o que estamos a escrever e pode ser útil. O que fazemos enquanto deixamos o texto levedar pode determinar aquilo que acontecerá quando regressarmos a ele. Eu optei por rever alguns capítulos anteriores e decidi mudar um ponto importante na história. Depois fui ler outras coisas. Escrevi textos que não tinham qualquer relação uns com os outros. Tentei imaginar como ficaria aquele texto quando estivesse terminado. E voltei para ele, para o texto.
Dar tempo ao texto permite-nos vê-lo melhor, analisá-lo ao longe e compreendê-lo a outro nível quando regressamos. Também nos ajuda a estruturar melhor as ideias que temos e a assegurar-nos de que todos os pontos se ligam e de que não há falhas temporais ou contextuais. Às vezes temos mesmo de dar um tempo. Perceber quem somos, que texto é aquele e qual é o seu propósito no mundo. Se o texto estiver no lugar certo do nosso coração vamos voltar a ele. E torná-lo ainda melhor. Acreditem em mim!
E com isto tenho a dizer que… três partes já estão. Falta uma. Mal posso esperar para que conheçam o Pedro!
Curioso, este texto foi sobre livros, mas, podia ser sobre tanta coisa na vida, é uma metáfora incrível para todo o tipo de assuntos e vou relê-lo inúmeras vezes. Obrigada mesmo, porque, foram as palavras certas no dia X.
Oh pá, tenho lido muito devagarinho o Seja o que for o Amor, pois, até para ler ando mesmo desmotivada, no geral, e estou a gostar imenso de ler a tua forma de escrever maravilhosa tão perto, por isso, mal posso esperar para ler as quatro estações do teu ponto de vista.
Um beijo enorme, Sofia!!!!
Uau, nem sabes o bem que me fez ler isto… De verdade! Eu tenho o mau hábito de ultrapassar as duas semanas sem tocar no meu "wordescrito", mas quando o faço, parece que tudo se torna mais leve e faz mais sentido! E ler este texto, vindo de ti, apaziguou algum do pânico que vive em mim!
Obrigada! ❤️
LYNE, IMPERIUM