Já me conhecem: se é para fazer maratonas de séries eu sou a primeira a vestir roupa confortável, embrulhar-me numa mantinha e ficar o dia em frente ao computador. Como esta semana há um feriado apetitoso, achei que era uma boa desculpa para poderem fazer o mesmo. Ia falar-vos das séries que terminei recentemente, mas decidi ocultar as segundas temporadas de Jessica Jones e de A Series of Unfortunate Events e falar-vos apenas de três séries, todas elas disponíveis online, com uma temporada e com premissas diferentes. Vamos a isto?
1986, RTP/RTP Play
A primeira série de que vos quero falar é portuguesa e podem acompanhá-la de duas formas: às terças, na RTP, ou quando vos apetecer, no RTP Play, de forma totalmente gratuita. A série, criada por Nuno Markl, passa-se, como é de prever, em 1986, num momento crucial da história de Portugal: a campanha eleitoral para as presidenciais entre Freitas do Amaral e Mário Soares. Apesar do fio condutor histórico, a política é apenas um dos elos de ligação das personagens. Isto porque, Tiago é apaixonado por Marta, mas, claro, há um pequeno problema. Tiago é tímido, nerd e filho de um militante do PCP (que vai ter de votar no Soares) e Marta é betinha, popular e filha de um apoiante do CDS (e, consequentemente, de Freitas do Amaral). Para ajudar à história, há os melhores amigos do Tiago: Sérgio, que está um bocadinho obcecado com perder a virgindade, e Patrícia, uma gótica que em casa tem de ser hippie; e ainda o Gonçalo, que é o típico betinho que faz bullying aos nerds, como o Tiago.
A série é composta por 13 episódios de 40 minutos, todos já disponíveis online. Importa destacar que a série se passa em Benfica (onde vivi três anos), o que me fez passar muitos episódios a dizer já estive ali; ali ao lado há aquilo; também já estive ali. Também a banda sonora é muito boa, tanto a original como a de música da época (já sabem que adoro música dos anos 80). E, claro, há muito amor. A personagem que mais me fez rir? O Eduardo, sem dúvida!
O Mecanismo, Netflix
Se estão atentos ao que se passa a nível internacional, já devem saber que esta produção brasileira da Netflix deu muito que falar. O motivo? É adaptação de um livro baseado em factos verídicos sobre a operação Lava Jato, que ainda está a decorrer no Brasil, na sequência de um grande escândalo de corrupção. Além disso, é realizada e criada por José Padilha, que também realizou e criou Narcos, por isso algumas adaptações são um bocadinho mais livres do que a história real — algo que é dito logo no início de cada episódio.
Esta série tem apenas 8 episódios, cada um com cerca de 50 minutos, e talvez seja bom conhecerem um bocadinho da Lava Jato real para conseguirem perceber o que é verdadeiro e o que é ficção na série. Eu fiz alguma pesquisa enquanto via a série, porque já não me lembrava de alguns detalhes e porque em Portugal o impacto da operação foi diferente. Ainda assim, mesmo que não conheçam a operação verdadeira, é uma série que nos deixa agarrados, com muitos momentos de acção e com uma narração incrível do Selton Mello e da Carol Abras, que nos envolve completamente na história.
La Casa de Papel, Antena 3/Netflix
O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao! Aaaah, a série do ano (até ao momento) da Netflix! Bem, estou a ser injusta, a série é, originalmente, da espanhola Antena 3 e foi transmitida no ano passado. Depois a Netflix pegou nela, editou-a um bocadinho, e mostrou-a ao mundo. Conta a história de um grupo de oito pessoas que vão assaltar a Casa da Moeda espanhola, num plano perfeito de El Professor. A série decorre ao longo dos cinco dias que o grupo ocupa a Casa da Moeda e, puta madre, acontecem tantas coisas em cinco dias! Além do assalto, temos também flashbacks que nos permitem conhecer a história das personagens e também o plano d’El Professor.
A série agarra-nos porque, inevitavelmente, nos deixa a torcer pelos assaltantes e queremos saber quanto tempo vão estar ali e como (se é que) vão conseguir safar-se. No entanto, há algumas coisas da história que não fizeram muito sentido* e a edição que a Netflix fez para que os 15 episódios originais (divididos em 9 + 6), de 70 minutos cada, passassem a 13 + 9, de 40 a 50 minutos, alterou alguma ordem de acontecimentos em relação aos episódios originais… nada de grave nem que altere a história, não se preocupem. Da série, ficam já a saber que vão ficar a cantar Bella Ciao durante algum tempo e que a história verdadeira da música encaixa nos momentos em que a mesma entra nos episódios. A minha preferida? A cena em que eles cantam a música no cofre. E, já agora, a personagem de que mais gostei foi o Berlín. A Netflix confirmou que vai fazer a 3.ª temporada (deveria chamar-se 2.ª porque os episódios que existem são duas partes da mesma temporada, mas pronto), mas, aqui entre nós, não acho muito necessária já que o final é bom e suficiente para que não haja muitas questões.
*Spoiler: a série decorre em 5 dias. Em 5 dias a inspectora apaixona-se pelo Professor e leva-o para casa e deixa que a filha o conheça. Hum… no, no! E nesses dias também: o Denver tem de matar a Monica, mas dá-lhe um tiro, esconde-se, apaixonam-se, envolvem-se e ao 3.º dia o Berlín descobre que ela está viva e depois já não podem envolver-se porque o Denver está convencido de que é Síndrome de Estocolmo e depois voltam a ficar juntos. Ufffffffffaaaaaaa, tanta coisa que acontece em cinco dias! Mas a cena da inspectora é a que me deixa mesmo de pé atrás. Isso e ela ter demorado um ano a descobrir onde encontrar o Professor. Um ano!
Vi a primeira parte de "La Casa de Papel" (e adorei!!) e já vi alguns episódios de "1986", uma série também muito boa.
Quero muito ver os teus comentários sobre a segunda temporada de "Jessica Jones", já que eu tive alguns mixed-fellings ao vê-la.
Beijinhos, Ensaio Sobre o Desassossego
Nem sei se vou escrever sobre ela porque fiquei um bocadinho desiludida…
Estou relutante em começar a assistir La Casa de Papel. Conheço pessoas que amaram e outras que odiaram. Muita gente me diz: nem começa a ver porque não vale a pena… Estou avaliando ainda, na maior dúvida. Hahaha! Um beijo :*
Só ao veres é que sabes se gostas, sinceramente! Eu também vi gente a adorar e outros a odiar e optei por ver para decidir por mim!