Quando a Carolina me enviou e-mail a convidar para fazer parte do projecto 1+3 fiquei logo entusiasmada porque aquilo que o desafio pede insere-se, na verdade, em algo em que eu queria pegar para algumas publicações agora no Verão. Nada melhor do que poder fazê-lo com vários temas que, certamente, me vão permitir abordar questões nas quais não tinha pensado antes. O desafio 1+3 consiste, de uma forma resumida, em vários temas, completamente aleatórios, que nos vão permitir reflectir sobre amor-próprio e auto-conhecimento e, acima de tudo, sobre nós próprios. Se quiserem saber como aderir, podem falar comigo ou mesmo com a Carolina.
O primeiro tema que a Carolina nos sugeriu foi uma peça de roupa e confesso que, no momento em que li o tema, olhei para os meus armários e franzi o sobrolho. Ainda na semana passada estive a fazer a limpeza sazonal e peguei em várias peças de roupa que adoro. No entanto não fazia ideia de qual das peças ia originar um texto. Ou como é que uma peça de roupa ia originar um texto.
Para ser totalmente sincera, nunca tive uma relação fácil com roupa. Reza a lenda que, quando era pequena, sempre que ia às compras com a minha mãe, nunca gostava do que via. Imaginem a tortura que era para a minha mãe: Gostas desta peça? Não. Queres isto? Não. Queres experimentar aquilo? Não. A verdade é que, durante muitos anos, parecia realmente que nunca gostava do que via. Mas gostava das roupas que via na BRAVO e na Super Pop e na 100% Jovem. E quando adorava mesmo alguma peça das duas uma: ou não havia o meu número ou era muito cara para mim.
O preço e o tamanho sempre influenciaram as minhas aquisições. O primeiro porque me sentia sempre culpada quando queria algo caro e sabia que a minha mãe não podia pagar tanto. Ainda hoje, sou capaz de gastar algum dinheiro com calçado (é onde residem as peças mais caras do meu armário), mas com roupa não sou assim. Cresci sempre a vestir roupa comprada na feira ou oferecida em segunda mão e isso nunca me incomodou. Às vezes chateava-me quando, no ensino básico e secundário, as minhas colegas diziam que tinham ido às compras e iam sempre a uma série de lojas. Chateava-me, mas fui construindo o meu estilo com aquilo a que tinha acesso e, por isso, ainda hoje, quando compro uma peça faço-o de forma muito consciente, não cometo loucuras (a peça de roupa mais cara que me lembro de comprar talvez tenha sido um casaco, que ainda tenho e uso, e não me lembro de dar mais de 40€ por uma peça) e sinceramente acho exagerada a obsessão de algumas pessoas em comprar roupa em determinadas lojas e a forma como torcem o nariz a lojas de roupa
fast fashion (Primark e afins).
Não se iludam, claro: sonho com vestidos lindos, t-shirts diferentes e até casacos maravilhosos, todos waaaaaaaaay out of my wallet. No entanto, juro-vos que não fico fascinada com roupas caras e com marcas. Até desprezo um bocadinho isso. É que um dos meus vestidos preferidos e que já me rendeu muitos elogios veio da feira, custou uns 15€ e faz ver a muitos vestidos mais caros, de mil e uma marcas das quais nunca vesti uma única peça. Se gosto de uma peça, que importa onde foi comprada?
O tamanho, no entanto, sempre me assombrou. Depois de uma fase de algum sobrepeso e de acompanhamento nutricional durante dois anos, em que fiquei com o mesmo peso durante mais de três anos, até emagrecer mais, depois engordar, depois emagrecer, depois engordar, emagrecer outra vez e agora manter, continuava a ser difícil encontrar peças que me assentassem bem. Nem tenho ancas assim tão largas (pelo menos em relação ao meu corpo), e ando ali à volta do 38, 40 (depende das peças mesmo).
Mas havia (há) sempre um problema… chamado mamas. Eu faço já aqui o disclaimer: para a maioria das pessoas que conheço, tenho peito grande, enorme (passei o secundário a ouvir pessoas dizer que devia fazer redução mamária…). Para mim, não tenho. É um bocadinho maior do que a média, mas se me colocassem ao lado de muitas mulheres o meu peito era minúsculo. Ainda assim, é grande o suficiente para ser uma chatice na hora de comprar roupa. Ou os botões das camisas ficam demasiado espaçados, ou faz-me o peito super grande, ou o decote deixa-me desconfortável*, ou tenho de comprar um tamanho maior para assentar bem no peito e depois já não me agrada a forma como assenta no resto do corpo, ou não gosto de ver na barriga. TODO UM DRAMA!
O meu corpo é ampulheta, mas é uma ampulheta um bocadinho mais larga em cima (ombros e peito), logo tenho noção de que há coisas que me ficam melhor do que outras. E apesar do drama que às vezes é comprar roupa, aprendi a valorizar e destacar correctamente o peito, que já foi uma das partes do meu corpo que menos gostava e que agora, sinceramente, é uma das que mais gosto. Trabalhando sempre à volta da carteira e do tamanho, continuo sem ter um estilo definido… porque não quero. Porque gosto de num dia estar com calças de ganga rasgadas e no outro já estar com uma saia ou calções menos informais. Tanto me podem ver com camisolas mais informais (incluindo uma muito gira com o Bart Simpson) como me vêem de camisa ou camisolas mais formais, até me podem apanhar de leggings e t-shirts largas (principalmente de bandas) no meio da rua. Num dia apetece-me algo mais desportivo, no outro já me apetece dar tudo com um vestido.
Acho que é por isso que, ao pensar nas peças que podia referir aqui pensei numa lista muito variada: o vestido que usei na Bênção de Finalistas, as t-shirts dos Linkin Park, um top que comprei no ano passado, um blusão a imitar cabedal. Não há um estilo de peças de roupa que consigam determinar logo que é mesmo a minha cara. Às vezes nem eu sei o que é a minha cara. Sempre gostei de inventar na hora de vestir. Se gostar de ver uso, se não gostar provavelmente não faz parte do meu armário. Uma vez levei uma saia para a faculdade e uma pessoa disse-me que a saia era muito curta (não era). Na segunda vez que levei a mesma saia fiz questão de vestir de forma a encurtar mais. Nem é ser do contra: é odiar que tentem dizer-me o que vestir ou como vestir. Tenho a mania de ser independente, é o que é.
Vivemos num mundo onde a moda é tão passageira e onde há tanta fonte de inspiração que é muito fácil encontrar formas diferentes de usar uma peça. Eu adoro fazê-lo. Mesmo que depois haja alguém que me diz que usar camisas de quadrados não é para raparigas como eu (wrong: é para mim e para quem quiser usar, olha agora); mesmo quando me dizem que só devia usar determinado tipo de decote por causa do tamanho do peito (wrong: desde que assente bem, que importa se é um 32B ou um 38D?); mesmo quando tentam dizer que já não se usa determinada peça (wrong: as peças usam-se quando quisermos, que importa se é de há três estações?); mesmo que tenha sido comprado na feira, a 5€ (damn right!). Há quem defenda que aquilo que usamos diz muito de nós. Eu acho que a forma como usamos (incluindo a confiança com que usamos) diz ainda mais. E enquanto pensar isso não me vão fascinar por gastarem 200€ num par de calças, por comprarem roupa na loja X, por todas as estações irem comprar várias peças. Acreditem que não me fascina mesmo.
*Eu tinha um top que adorava porque dava sempre um toque mais formal a qualquer look. Uma vez usei-o na faculdade. Foi a última vez que o usei. Porque eu adorava-o e nem achava o decote assim tão extraordinário ou revelador. Mas nesse dia um rapaz esteve a falar comigo… olhos nas mamas. E eu decidi que preferia olhos nos olhos. É que eu nem tento esconder o peito que tenho, mas também não precisam de só olhar para lá, está bem? Sorryyyyyyyyyy.
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O calçado também sempre foi a parte mais cara do meu armário, porque preferia ter menos, mas investir num bom par (geralmente, sapatilhas da adidas). Já na roupa nunca tive esse cuidado, digamos assim. Porque, por muito que goste de determinada peça, não sou capaz de dar muito dinheiro por ela. Além disso, não ligo a marcas. Não me fascino com isso. Se tiver que comprar na primark ou na feira, desde que goste e veja que a peça está em condições, compro sem qualquer problema.
Tal como tu, não acho que tenha um estilo fixo, porque tanto posso sair à mais formal, como posso optar por uma onda mais desportiva. Depende do meu estado de espírito 🙂
Pessoas sempre a dar bitaites… Nervos!!!!
«Há quem defenda que aquilo que usamos diz muito de nós. Eu acho que a forma como usamos (incluindo a confiança com que usamos) diz ainda mais», concluíste com chave de ouro. Concordo totalmente.
Gostei imenso! Uma pessoa deve-se é sentir confortável com o que tem e fazer o melhor com a roupa que tem no armário! Marcas, modas, manias são cansativas… e chegam a meter imensa pressão sobre as pessoas, porque têm de ter isto ou aquilo. Cá eu ligo à qualidade das coisas, não gosto de exagerar no preço, mas sou aquela que prefere ter apenas um bom par de calças do que 3 ou 4 que passado 3 meses já estão uma desgraça!
Beijinho, Ana Rita*
BLOG: https://hannamargherita.blogspot.com/ || INSTAGRAM: @rititipi || FACEBOOK: https://www.facebook.com/margheritablog/
Sempre tive o problema de olharem-me sempre para o raio das mamas. Não conseguem passar despercebidos esses homens (risos). Uso copa D e felizmente nunca me disseram nada a nível disso, mas do peso e de algumas roupas ouço constantemente. Principalmente, porque uso muito preto. Quase sempre estou de preto. O meu problema sempre foi a barriga, anca enorme e rabo. É a primeira coisa que julgam. Atualmente, ainda não tenho uma relação coerente com a barriga mas há de melhorar. Gostei imenso do post querida <3
http://www.bycarolina.pt
Ótima sua postagem neste desafio.
Abraço