Eu adoro redes sociais, principalmente Instagram e Twitter. Adoro. Uso-as para muita coisa. Já devo ter perdido muitas horas graças a elas, mas não há problema. No entanto, às vezes, preferia que não existissem. Ou, pelo menos, que os meus amigos não soubessem que existem.
Lembram-se de quando telefonávamos ou enviávamos uma mensagem aos nossos amigos para os informar de algo que tinha acontecido na nossa vida ou para sabermos o que se passava na vida deles? Sinto que há pessoas que estão a perder isso. Não troco mensagens com alguém que não seja a minha mãe há… meses? As únicas pessoas com quem falo por chamada são a minha mãe e o meu tio. Bem, no caso das chamadas até agradeço porque não sou a maior fã. E as grandes novidades dos meus amigos (e dos que eu achava que eram meus amigos) soube-as por publicações de redes sociais.
Há vários níveis de amizade, claro. Se não são propriamente amigos próximos talvez não importe a forma como eles sabem as coisas que acontecem na nossa vida. Mas, se é suposto serem amigos próximos (aqueles de que estou a falar, já agora), eu ainda acho que há notícias que não se contam por publicações em redes sociais. Para mim, dizer numa rede social que se vai casar, por exemplo, é quase indiferente. Se o dizem e conheço as pessoas até fico feliz e tal, mas suponho que, quando o fazem, já informaram a família e os amigos mais próximos e não suponho que é a forma de deixarem toda a gente saber. Mas para alguns parece que é assim que funciona. As redes sociais são a forma de dizerem que vão mudar de casa, casar, trabalhar em sítio X, viver em Y, viajar para Z. É muito bom, a sério. Até pode render gostos. Mas e a amizade?
Parece algo vulgar, mas quando foi a última vez que enviaram uma mensagem aos vossos amigos a perguntar como estão? Eu acuso-me já: não faço ideia. Sou péssima nisso. E infelizmente acho que os meus amigos são iguais.
No último ano soube dos novos empregos de dois amigos por publicações de redes sociais; soube de uma mudança drástica na vida de outra pessoa por publicação; soube de visitas à minha cidade por Instagram Stories. E talvez para eles não seja nada, mas magoa um bocadinho saber que as pessoas que tomamos por nossas amigas não nos têm em consideração suficiente para nos enviarem uma mensagem (até podia ser com abreviaturas) a dizer que conseguiram aquele emprego (não, não sentiria que me estavam a esfregar algo na cara… principalmente quando eu encorajei a concorrerem), a dizer que iam estar por cá (se não podiam sair, tudo bem; se podiam, depois não digam que eu nunca saio quando vêm), a dizer que vão casar, que se vão divorciar, que vão ser pais, sei lá.
Ah, sim, eu sei que as amizades mudam com a idade, que muitas delas desaparecem. Ainda bem, sinceramente. Vai acontecer muitas vezes descobrirmos pelas redes sociais que aqueles nossos amigos agora são pais ou casaram e foram de lua-de-mel para São Jorge da Murrunhanha, eu sei que vai. Também sei que não há amizades tipo Sex and the city, Friends, How I Met Your Mother, etc. Mas queremos mesmo que os amigos que restam saibam sobre nós só aquilo que colocamos nas redes sociais? É isso? A nossa vida é o que partilhamos nas redes sociais, não há necessidade de nos reunirmos com amigos para lhes contar algo porque já está nas redes sociais? É que se é assim então as centenas de amigos que temos em redes sociais são todos igualmente nossos amigos, sem distinção?
Não, o objectivo não é fazer alguém sentir-se mal com este texto. Tal como já disse, também não sou a melhor pessoa a manter contacto com os amigos. Mas achei que precisava de pensar sobre este assunto e se calhar vocês também. Também nem tudo é péssimo em redes sociais, ok? Já disse que as adoro e repito, caso não tenha ficado claro. Só tenho pena de que algumas coisas se tenham perdido. As partilhas do Facebook não dizem assim tanto, os nossos tweets escondem muita coisa, as imagens bonitas que partilhamos no Instagram e nas suas histórias são só imagens bonitas, não mostram tudo. Talvez nos esqueçamos disso. Talvez estejamos a tomar demasiadas pessoas como garantidas. Mas se as redes sociais deixassem de existir hoje… quem seriam os vossos amigos amanhã?
Coloquei-me essa questão por volta de 2011 e, desde então, quis ser eu a dar o primeiro passo para mudar. Hoje, o meu grupo de amigos e suavemente diferente do de 2011, mas têm o mesmo princípio que eu e contam-me as novidades numa chamada, numa mensagem ou áudio… Entre mim e a minha melhor amiga, temos confiança até para ligar e dizer “café express para partilhar a novidade!” e assim fazê-lo cara a cara. Enfim, compreendo o teu dilema porque passei por ele mas hoje em dia, sinto que tenho um núcleo consciente e que tudo o que de importante circula nas suas redes sociais foi-me contado em prInteiro lugar. Ainda ontem tive uma chamada assim 🙂 às vezes temos de ser mesmo nós a contrariar esse traço que não gostamos e naturalmente as amizades começam a filtrar!
Dou por mim a refletir sobre este assunto de cada vez que vejo a alguém a anunciar alguma novidade pelas redes sociais. Pergunto-me sempre isso" Será que esta pessoa já avisou os seus amigos e familiares, ou estão todos a a saber ao mesmo tempo?". Infelizmente, tenho quase a certeza que, em grande parte dos casos, a resposta é sempre que não, não tiveram a decência de avisar ninguém. Já tive o dissabor de ver pessoas que eu considerava amigas a fazerem isso.
Eu diria que, na era das redes sociais, os amigos que se devem valorizar são aqueles que ainda se dão ao trabalho de nos ligar e/ou mandar mensagens. E concordo com a Inês, a mudança tem que partir de nós para termos amizades melhores. Eu e as minhas amigas da faculdade criámos este hábito: sempre que possível, tentamos contar as novidades pessoalmente e, quando tal não é possível, temos um grupo de facebook só nosso, e até à data, ninguém publicou nada às redes sociais sem nós sabermos primeiro.
A tua publicação também me fez refletir sobre as amizades online. Já conheci muitas pessoas através do Twitter, mas sinto que aquilo que transformou essas relações numa amizade não foram a quantidade de tweets em que me referiram, os gostos ou as conversas que tivemos através de publicações, mas a partir do momento em que me começaram a mandar mensagens e a falar comigo em privado.
Beijinhos
Blog: Life of Cherry
Concordo contigo, acho que se torna algo muito impessoal estar a partilhar esse tipo de notícias nas redes sociais. Eu pelo menos, gosto de conversar pessoalmente e receber essas notícias assim, faz-me sentir especial. Que mereço as ouvir da boca da pessoa e não de outra forma…
Acho que infelizmente, as pessoas estão a ficar cegas com as redes sociais e isso está a tornar as amizades em algo completamente superficial.
As redes sociais podem ser extremamente úteis – que são -, mas há sempre um limite. E eu até consigo compreender a facilidade com que nos fazem chegar a outra pessoa, poupando-nos uma chamada/uma mensagem. No entanto, também acho que há coisas que merecem ser ditas pessoalmente, não só por uma questão de consideração e respeito, mas também para não se perderem certos cuidados que fazem toda a diferença.
Felizmente no meu grupo de amigos mantemos a tradição de contar tudo em primeiro lugar a quem importa – normalmente por mensagem, mas sempre que se justifica vai aquele café express, como diz a Inês, para explicar melhor. Já com a família, a questão nem se coloca. E nenhum de nós tem por hábito esparramar a vida nas redes sociais. Mas sim, vejo muito isso a acontecer, e faz-me imensa confusão…há uma impessoalidade assente nesses "anúncios" e, para dizer a verdade, acho que há uma percepção que se não está no facebook, nunca aconteceu – nem te conto a quantidade de vezes que quem não me conhece bem fica surpreendido com a minha vida ahah 🙂
Jiji
Eu também já refleti algumas vezes sobre isto. As redes sociais são uma mais valia e facilitam-nos a vida em muitos aspetos, mas é uma pena que certas coisas, certas ligações e certos hábitos se vão perdendo. Também sinto isso e também peco em certas ocasiões, como pegar no telemóvel quando estou numa mesa de café com os meus amigos, mas é algo que tenho tentado contrariar. É algo que se vê tanto por aí, uma mesa rodeada de amigos e os seu telemóveis. Embora difícil, acho que não podemos desistir, devemos fazer por manter as relações cara a cara, falar mais vezes pessoalmente, marcando cafés, passeios e afins.
Isso que referes é muito importante, por isso, temos de lutar pelas nossas relações e se tivermos de dar o primeiro passo, damos 🙂
Felizmente, não sofro disso. Ou, pelo menos, não sei se sofro. De qualquer das maneiras, eu nunca deixo de mandar mensagem aos meus – e tu sabes -, independentemente de ser sempre eu. Não me importo, honestamente. Já houve alturas em que me chateava por ter de dar os primeiros passos, correr atrás, mas depois apercebi-me de que não faz mal!
Hoje em dia, dou-me com pessoas que me notificam de tudo o que acham importante relatar e acho que sermos notificados depende do tipo de amigos que temos. E sim, concordo contigo quando dizes que se supostamente são nossos amigos, nos deveriam ter em conta, mas sabes? Há pessoal que não vale a pena e estas situações existem para nos abrirem os olhos e nos fazerem refletir!
Enfim, é um assunto delicado e, enquanto amiga, terei o cuidado de te falar tudo!!! ??
LYNE, IMPERIUM