Depois de vos ter falado das decisões a tomar antes de começar a escrever um conto, hoje começamos a avançar no nosso conto e falamos de ideias, brainstorming e primeiras frases. Para poder dar exemplos práticos, vou usar como referência o conto de Fevereiro, que publiquei há uns dias. Se ainda não leram, podem ler aqui antes de avançarem nesta publicação.
Tal como já disse, para criar o conto de Fevereiro, tive por base uma associação muito simples: Fevereiro é o mês do São Valentim, do romance. E peguei logo nesses pontos. Este tipo de associação pode ser uma boa ajuda se o conto que querem fazer estiver inserido em algo temático ou específico. “São Valentim” e “romance” foram, por isso, as primeiras coisas que escrevi na página dedicada a brainstorming.
O brainstorming é uma actividade que pode soar muito complicada mas, neste caso, não é mais do que escrever ideias, por mais disparatadas que possam parecer, e ver o que vai surgindo. Serve tudo: temas, nomes, lugares, frases. Aquilo de que gosto nisto é que me coloca logo em modo conto, ou seja, o meu cérebro começa logo a magicar ideias e histórias. Muito deste processo é mental, por isso é que é sempre difícil explicar como surge uma história. Para terem uma ideia, isto foi o que escrevi no meu processo de brainstorming para o conto Pedro e Rodrigo.
Claro que nem sempre é fácil ter logo ideias quando se começa a fazer algum brainstorming. Para ajudar, no brainstorming podem incluir músicas, filmes, séries, livros, até mesmo outras coisas como pinturas ou fotografias. Tudo o que vos puder aproximar do tema vai ajudar. Neste caso, para mim foram dois livros: This Is How It Always Is e Simon vs. The Homo Sapiens Agenda. Se precisarem de fazer algum tipo de pesquisa também convém apontarem logo isso. E não se esqueçam de que aquilo que apontam como inspiração não deve ser mais do que isso, está bem? Nada de cópias e plágios descarados!
Muito provavelmente, enquanto preenchem a vossa página de ideias, vai começar a formar-se na vossa mente uma história. Comecem a escrevê-la. Não se preocupem com o início, se está atabalhoado ou estranho. Comecem a escrever. Aquilo que digo sempre é que, no final, tudo vai ser editado e o que não estiver tão bem vai ser alterado. Por isso não precisam de perder muito tempo a pensar em como escrever: só escrevam e continuem a escrever.
A algumas pessoas ajuda definir logo o que vai acontecer e podem fazer um esquema para isso: começa com X – avança para Y – até ao clímax, que vai ser espectacular – daí acontece Z e termina com A. Em contos normalmente não faço isso por escrito. Mentalmente, penso em como quero acabar e como chegar lá, mas nada mais do que isso. Se vos for mais útil façam um esquema numa folha para saberem para onde querem ir e quais as formas de lá chegar.
É muito difícil explicar como escrever, como meter ideias no papel. Mas repito o que disse ali em cima: escrevam a vossa história primeiro e preocupem-se em melhorá-la depois. Na próxima semana falo-vos do que fazer durante o processo de escrita.
Sinto que me vou repetir, mas estas dicas são preciosas, porque ensinam-nos como fazer. Claro que cada pessoa terá o seu processo, mas é sempre uma ajuda saber de que modo podemos construir a nossa ideia
O processo é muito pessoal, claro, mas ainda bem que as dicas são úteis!