Não tenho conseguido inserir a escrita na minha rotina e sinto-me frustrada. No momento em que estou a escrever este texto já passou uma semana sem escrever mais do que duas legendas de Instagram (o que mal conta como escrita). O esforço exigido para escrever estas palavras é ainda maior do que o esforço de ontem numa caminhada de 8km, quando agora só faço caminhadas uma vez por semana. Sinto-me a enferrujar.
Ao notar esta dificuldade em inserir a escrita na minha rotina apercebi-me de que não tenho a mesma dificuldade em inserir a leitura na rotina e tenho lido muito. Mas, então, o que se passa com a escrita?
A escrita e a rotina
Sempre gostei da comparação entre a escrita e o exercício físico e, agora, é uma comparação que faz todo o sentido na minha vida porque estão ambos no mesmo patamar: não consigo inseri-los no meu dia-a-dia. A escrita, assim como o exercício físico, exige uma boa rotina e um bom método.
Quanto mais consistentes formos no exercício mais facilidade vamos ter em treinar (e em ter vontade de o fazer) e também mais resultados vamos ver, seja na balança, no corpo ou na mente. Na escrita é a mesma coisa. Quanto mais consistentes formos na escrita mais facilidade vamos ter em escrever e mais resultados vamos ter, seja em textos escritos, em avanços num projecto longo ou simplesmente nos objectivos que tivermos para a escrita.
É, por isso mesmo, fácil perceber a importância da rotina em ambos os casos. O problema vem quando temos de nos adaptar a outra rotina e, de repente, parece que não conseguimos encaixar tudo nesta nova rotina. Damos por nós a fazer exercício uma vez por semana e a escrever também uma vez por semana, sempre a prometer que vamos ter mais na próxima semana: e a falharmos.
A exigência da escrita
Sei perfeitamente por que motivo é tão fácil continuar a ler quando é tão difícil continuar a escrever. Normalmente, a escrita exige mais disposição mental do que a leitura. E eu noto isto também nas escolhas literárias que tenho feito: leituras mais leves, histórias que exijam pouco de mim. Nas séries que vejo noto o mesmo: há drama, sim, mas não demasiado denso ao ponto de me perder se não olhar para cada segundo do episódio.
Para escrever, normalmente, preciso de estar mais atenta, mais embrenhada nas palavras. E, convenhamos, ao fim de um dia de trabalho, sempre a lidar com pessoas, já não há disponibilidade mental que resista.
No entanto, a vontade de criar continua cá e as ideias continuam a aparecer. E, embora seja importante respeitar o período de adaptação a uma nova rotina, também é necessário não deitar a perder toda a disciplina adquirida e tentar esforçar-me mais. Quero esforçar-me mais e impedir que se crie ferrugem e que o pó se acumule… até porque sou alérgica.
A adaptação a uma nova rotina implica sempre uma redefinição das nossas prioridades e há momentos em que demora um pouco mais até conseguirmos ajustar tudo. Mas há-de chegar. Esta publicação é o começo. E eu sei que consegues <3
Gosto dessa confiança! ??
Concordo em absoluto. Gostei dessa comparação com o exerício físico, sendo que tenho sempre muito mais vontade de escrever do que de fazer abdominais 🙂 Escrever é trabalhoso, talvez por isso nos dê tanto prazer e nos dê saudades quando não o fazemos. Geralmente quando surgem novas rotinas na nossa vida é aquilo que mais gostamos de fazer que acaba por ser afetado, porque perdemo um pouco a energia que usamos para lhe dedicar. Mas sabemos que ela volta, não é? Nunca tive medo de parar de escrever, porque mesmo nessas alturas sei que a vontade regressa.
Por coincidência (ou não) também tenho sempre muito mais vontade de escrever do que de fazer abdominais! ?
Eu tenho notado muito isso ultimamente. Cada vez que entro numa nova rotina – antes num novo ano letivo, num novo estágio, agora num novo emprego – enquanto me estou a adaptar a escrita fica completamente de lado, estou a tentar remediar este mal xD.
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