Um dos momentos mais aguardados do meu ano era finalmente poder conhecer a Feira do Livro do Porto. Depois de vários anos em Lisboa e a frequentar a Feira do Livro de lá, queria poder conhecer o outro grande evento literário do país e lá fui eu, a tentar combater os receios de andar de autocarro no Porto.
As Feiras do Livro
Algo que já referi algumas vezes por aí prende-se com a organização das Feiras do Livro de Lisboa e do Porto. Acho que fui umas quatro ou cinco vezes à Feira do Livro de Lisboa. Ao todo, talvez tenha sido esse o número de livros que por lá comprei também.
Não sou a maior fã da Feira do Livro de Lisboa. Adoro ir ver os livros e tentar aproveitar descontos agradáveis, mas sinto-a mais como evento social do que evento literário. Gostei muito mais da Feira de Lisboa quando fui acompanhada e aproveitámos para comer farturas ou beber qualquer coisa além de ver livros, do que quando fui sozinha, só para tentar ver o que havia de livros.
Na curta experiência na Feira do Porto senti o contrário: é mais um evento literário do que social e, tendo ido sozinha, acho que conseguiria ter bons momentos em várias visitas mesmo só indo sozinha. Percorrer prateleiras e banquinhas cheias de livros para comprar? É a actividade mais tranquila para mim.
Não quero com isto dizer-te qual é a melhor, mas acho importante tentar explicar algumas diferenças entre elas, que explicam estes sentimentos que ambas transmitem.
Porto vs. Lisboa
A maior diferença entre as duas feiras do livro, além da localização, está claro, é a organização. A Feira do Livro de Lisboa é organizada pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) e a Feira do Livro do Porto é organizada pela Câmara Municipal do Porto.
Só esta diferença de organizadores muda tudo. Obviamente, a Câmara do Porto não tem um orçamento maior para a Feira do Livro (os motivos já são outra conversa) e a APEL investe muito na Feira do Livro, tal como as editoras, que vêem no evento uma oportunidade importante e trabalham muito em função do mesmo.
Como acontece em tudo o que é feito em Lisboa, há sempre interesses e investimentos maiores. É o que torna a Feira do Livro de Lisboa mais apetecível em certos aspectos.
A minha experiência na Feira do Livro do Porto
Cheguei aos Jardins do Palácio de Cristal a meio da tarde de quarta-feira. Logo à entrada há estações de desinfecção de mãos e é-nos pedido que circulemos pela direita. O meu primeiro pensamento foi que a Avenida das Tílias continuaria bonita se tivesse sempre banquinhas ali. Logo depois fiquei espantada com a quantidade de pessoas que por lá andava.
Confesso que não esperava tanta gente, ainda por cima a meio da semana. Não me senti insegura nem ansiosa, só surpreendida por ver tanta gente. Como a organização é diferente e há muitos espaços de livrarias e não só de editoras, optei por dar primeiro uma volta por todo o recinto e só depois decidi onde ia fazer compras.
As compras da Feira do Livro
Fui para a Feira sem orçamento definido (mas seria sempre abaixo dos cem euros) e sem uma lista concreta (queria ver o que havia de García Márquez, Sophia e Dulce Maria Cardoso). No final gastei metade do que me sentia confortável a gastar e trouxe quatro livros para casa:
- Racismo no País dos Brancos Costumes, de Joana Gorjão Henriques;
- Tudo São Histórias de Amor, de Dulce Maria Cardoso;
- Lá Fora, de Pedro Mexia;
- Depois a Louca Sou Eu, de Tati Bernardi.
O facto de serem todos da Tinta-da-China é uma coincidência feliz, admito, mas não propositada. O primeiro livro, Racismo no País dos Brancos Costumes, era um que queria há algum tempo, embora não fosse prioridade. O da Dulce Maria Cardoso foi escolha do momento. Queria O Retorno, mas não encontrei, então escolhi Tudo São Histórias de Amor por ser o título que achei mais bonito e interessante.
Lá Fora, do Pedro Mexia, foi impulso do momento. Li a sinopse, folheei o livro e decidi que vinha. Assim mesmo, sem pensar muito. Por fim, Depois a Louca Sou Eu foi uma escolha influenciada pela Beatriz. Vi o livro nas compras que ela fez na Feira do Livro de Lisboa e acabei a ler a publicação que ela já tinha feito sobre ele e, frente a frente com alguns exemplares, decidi trazer.
Não posso, de todo, queixar-me da primeira experiência na Feira do Livro do Porto. Vamos é ver quando é que leio os livros novos, não é? Se quiseres, partilha nos comentários as tuas compras nas Feiras do Livro de Lisboa ou do Porto.
Obrigada por, mais uma vez, investires nesta partilha sobre as diferenças entre as duas Feiras do Livro. E digo-o de coração, porque entristece-me encontrar tantas críticas à do Porto, quando há investimentos distintos.
Sou suspeita, mas também acho que a Avenida das Tílias ficaria bonita se tivesse sempre barraquinhas por lá. É um lugar mágico, onde gosto sempre de regressar [com e sem livros para comprar ahahah]
Apesar de não o ter comprado na Feira do Livro, também adquiri, recentemente, esse da Dulce Maria Cardoso e queria ver se o lia ainda este mês, porque estou bastante curiosa. Racismo no País dos Brancos Costumes é um livro desconcertante, que vale imenso a pena descobrir, até pelos alertas que partilha. Tenho de procurar os outros dois 🙂
Vou insistir nesta diferenciação durante muito tempo, parece-me! 🤷♀️
Também quero ver se leio em breve!