Quando comecei a explorar as opções em português do Kobo Plus percebi que, se não tivesse cuidado, facilmente iria cair na toca do coelho e não mais voltaria: a escolha é muita e variada e, por isso, havia uma grande probabilidade de eu adicionar muitos livros e depois não estar a ler nenhum. Para evitar isso, decidi que ia fazer um desafio no Instagram (@asofiaworld), dando oportunidade aos meus seguidores de escolherem aquilo que eu ia ler. Separei oito livros que ou já tinha na lista há muito tempo ou que sentia que iam ao encontro do meu mood do momento e preparei quatro sondagens, para escolher os quatro livros que iriam fazer parte das minhas leituras de Setembro. A primeira batalha foi entre Doce Tóquio, de Durian Sukegawa, e Norwegian Wood, de Haruki Murakami. Ganhou o Doce Tóquio, um livro na minha lista desde a Primavera, quando saiu a tradução em português.
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discriminação
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Doce Tóquio: pode um livro quase em enredo funcionar?
Sempre que penso em obras japonesas lembro-me de filmes de animação como A Viagem de Chihiro ou O Castelo Andante. Talvez por esta influência cinematográfica enquanto lia Doce Tóquio não conseguia parar de associar as personagens do livro a personagens destes filmes. Assistiria sem qualquer problema a uma versão anime de Doce Tóquio. Além desta associação involuntária, notei neste livro algo que também associo, embora com menos realismo mágico, a obras japonesas: a simplicidade. E esta simplicidade cativa de uma forma única.
Doce Tóquio conta a história de Sentarô, um trabalhador contrariado de uma loja de dorayaki. Sentarô é infeliz, odeia o que faz e é-nos dito que está ali para pagar uma dívida. Um dia recebe a visita de uma velhota, Tokue, que muda a sua vida… e a da loja, uma vez que Tokue vai mudar a forma como são feitos os dorayakis — não só pelos ingredientes, mas também pela atenção que lhes dedica. Além de Tokue, também Wakana, uma adolescente, entra na vida de Sentarô, criando uma ligação única com Tokue.
Tokue, no entanto, acaba por precisar de se afastar de Sentarô por causa do seu passado, o que levanta algumas questões sobre discriminação e desinformação, mas também sobre amizade e sobre como criamos ligações extraordinárias de formas completamente ordinárias.
— O silêncio é tão grande que não sei o que pensar…
— Por ser real? Por viverem aqui pessoas?
Aquilo que, para mim, marca a diferença em Doce Tóquio é que a simplicidade da história existe em paralelo com a simplicidade da escrita. O enredo é simples, não há um plot twist ou um clímax, mas a história não precisa disso para ser forte e se desenvolver ou para agarrar o leitor. Além disso, mesmo com um final que não é fechado, não é um livro em que sentimos que falta algo. Tudo o que é suposto está lá dito, na dose certa, qual pasta doce de feijão.
Tinha muita curiosidade em relação ao livro, porque o vi um pouco por todo o lado assim que saiu, mas não sabia ao certo o que esperar e sinto que toda a história foi completamente ao encontro das minhas expectativas. Para primeira escolha do desafio do Kobo Plus, foi uma óptima forma de começar.
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Não existem outros livros do autor em português.
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Título original: あん
Título em português: Doce Tóquio
Autor: Durian Sukegawa
Ano: 2013 (PT: 2022)
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Quando comecei a ver este livro um pouco por todo o lado, acabei por ficar bastante curiosa. Ainda não o li, mas está na lista de desejos 🙂
Por acaso, já me “cruzei” várias vezes com este livro e até tenho alguma curiosidade em lê-lo, sobretudo depois de ter lido a tua opinião!
Adorooooo conteúdo japonês, muito porque consumo mangás. E o que mais gosto apontaste tu, e muito bem, é da simplicidade das narrativas mas que, ainda assim, impactam!
Nunca tinha ouvido falar deste livro em específico, mas pela tua descrição, parece-me com qualquer um que já tenha lido do Murakami!