Depois de ler Doce Tóquio, a segunda ronda do desafio em que os meus seguidores do Instagram (@asofiaworld) votaram aquilo que eu ia ler do Kobo Plus pôs frente-a-frente dois livros escritos por mulheres: A Terceira Índia, da Íris Bravo, e Mulheres Não São Chatas, Mulheres Estão Exaustas, da Ruth Manus. Admito que estava a torcer pelo primeiro, porque já tinha estado duas vezes para o ler este ano, mas foi o livro da Ruth a vencer. Este livro andou semanas a aparecer-me nas redes sociais e criou-me algum receio por isso mesmo: e se fosse algo sobrevalorizado e não valesse a pena? Bem, já vamos ver como correu esta leitura.
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Trigger warning:
feminismo
Mulheres Não São Chatas
Vamos ser honestos, é muito difícil um livro sobre feminismo trazer algum tipo de revolução de conhecimento para quem já sabe o que é feminismo. Aquilo que acontece é que cada livro traz uma perspectiva particular ou, no limite, traz uma voz diferente, porque cada autora é diferente. Portanto, ao pegar num livro sobre feminismo aquilo que eu espero não é a invenção da roda, mas sim um conjunto de perspectivas, ideias e formas de ver o mundo que permitam enriquecer o tema. O grande problema é que, muitas vezes, isto acaba por resultar em clichês atrás de clichês e algo promissor torna-se embaraçoso.
Mulheres Não São Chatas, Mulheres Estão Exaustas não inventa a roda nem tenta inventar. Em vez disso traz a perspectiva da Ruth, com muitas ideias que já tinha visto retratadas noutros textos e com tantas outras nas quais nunca tinha pensado (ou tinha pensado pouco). Baseado em pequenos ensaios sobre a vida das mulheres, é um livro que se lê com relativa tranquilidade, com excepção para todos os momentos em que poderás parar para amaldiçoar a sociedade em que vives.
Felizmente, o meu medo inicial de ser um livro sobrevalorizado não se concretizou e gostei da escrita descontraída da Ruth e da forma como ela abordou o feminismo neste livro, sempre com algum humor e sem permitir que o livro caísse em clichês desnecessários.
Não nos esqueçamos nunca de que temos direito à palavra. E de que as palavras são o nosso principal instrumento de liberdade. Sempre que dizemos o que sentimos e pensamos, sempre que manifestamos os nossos medos e angústias, sempre que expomos as nossas ideias e verbalizamos os nossos descontentamentos, libertamos centenas de outras mulheres connosco. Sempre que quebrarmos o silêncio, mudaremos o mundo aos poucos.
Outros livros do autor
Explorei um bocadinho aquilo que a Ruth tem publicado e um dos títulos que se destacou foi este: Um Dia Ainda Vamos Rir De Tudo Isto.
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Antes deste, também no Kobo Plus li dois livros da Chimamanda Ngozi Adichie sobre feminismo: Querida Ijeawele e Todos Devíamos Ser Feministas.
Título original: Mulheres Não São Chatas, Mulheres Estão Exaustas
Autora: Ruth Manus
Ano: 2019 (PT: 2021, Cultura Editora)
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Já estive para comprar este livro algumas vezes, mas acabei sempre por trocá-lo por outro mais prioritário – e, se calhar, por também recear que não correspondesse ao burburinho criado ao seu redor. Virá morar cá para casa num futuro próximo 😀