O que fazemos quando a Taylor anuncia um novo álbum? Esperamos tudo e esperamos nada. Tudo porque as expectativas ficam cada vez mais elevadas. Nada porque ela continua a conseguir surpreender-nos. Ainda por cima parece que ela decidiu que ter singles antes de um álbum sair já não se usa, por isso ficamos na imaginação, a tentar encontrar easter eggs onde eles podem não existir, a viver à base de teorias sem fim no TikTok. Com o Midnights foi exatamente isto que aconteceu. Sem single e apenas com suposições baseadas em teorias e num possível posicionamento estético propositado, Midnights chegou e surpreendeu. Arrisco-me a dizer que está no meu top 3 de álbuns preferidos da Taylor — e arrisco mais ainda: talvez seja mesmo um dos melhores álbuns da Tay.
Midnights: Best Believe She’s Still Bejeweled
Ninguém sabia bem o que esperar de Midnights. Podia ser um álbum country, indie, pop ou nenhum destes três. No entanto, confesso que fiquei contente quando percebi que não só era pop como andava ali entre o 1989 e o reputation. Melhor ainda: gostei do álbum todo à primeira, algo que em pop não acontecia precisamente desde o 1989 e percebi logo que este seria um favorito. Semanas antes tinha comentado com o Jota que esperava mais letras totalmente aplicáveis à minha vida e não me enganei, o que me leva a concluir duas coisas: a Taylor é gente como a gente e tenho a certeza de que ela sabe o que está a acontecer na minha vida. Mas vamos ao que interessa.
Além de ser um álbum pop muito sólido, Midnights (e estamos aqui a falar da 3 a.m. edition) evidencia a qualidade lírica da Taylor (e do Jack Antonoff) de uma forma muito marcante. Já se sabe que ela é uma contadora de histórias extraordinária, mas, ainda assim, consegue continuar a surpreender. Aquilo que mais surpreende é a forma como ela aborda as ansiedades da vida de uma forma tão honesta e, por vezes, tão dura. Um exemplo disso é o primeiro single, Anti-Hero. Este é um tema que junta uma música animada com uma letra muito triste, um conjunto que, admito, adoro. Anti-Hero é um bom exemplo porque é uma música sobre como somos os nossos melhores amigos e os nossos piores inimigos, sempre a torcer pelo nosso lado mais negro.
Se, em criança, o que nos desafiava o sono eram os monstros debaixo da cama ou dentro do armário, acredito que todos sabemos as coisas que nos dificultam o sono em adultos e, vamos admitir, muitas delas coincidem com as temáticas que encontramos no Midnights: os monstros que vivem dentro da nossa mente. Midnights é o álbum dos overthinkers que não conseguem adormecer por não conseguirem lidar com as mil e uma ansiedades da vida. Eu sou uma dessas overthinkers que não consegue adormecer por estar a lidar com as mil e uma ansiedades da vida.
É Midnights o álbum mais honesto da Taylor?
Li algures numa review do álbum que este era o álbum mais negro da Taylor e, de certa forma, tenho de concordar. Mais do que negro eu considero-o um álbum muito honesto, em que ela não parece ter medo de revelar os segredos mais escuros e preocupantes da sua mente. Mesmo com liberdade criativa, acredito que a escrita deste álbum é muito mais honesta do que a de qualquer álbum anterior precisamente por esta exploração das ansiedades, medos e pensamentos mais privados e assustadores da vida da Taylor. Mesmo nas músicas aparentemente mais vazias de escuridão, há muitos apontamentos de pensamentos e momentos complicados. Por exemplo, Bejeweled é um tema pop típico, mas se pensarmos naquilo que a letra diz temos ali uma relação em que claramente um dos elementos está profundamente infeliz porque simplesmente deixou que a sua luz se apagasse talvez para não ofuscar a outra parte ou para encaixar nas expectativas que o outro lado tem em relação a si. Sinto que a Taylor aborda cada vez melhor as relações. Quero ser a Taylor.
Obviamente, sinto que me vou identificando mais ou menos com uma música de acordo com o que vai acontecendo na minha vida. No entanto, neste momento, as minhas músicas mais ouvidas e as minhas preferidas até estão bastante de acordo. Se tivesse de descrever cada música numa linha, seria algo do género:
Lavender Haze — um início poderoso, provavelmente um dos melhores inícios de álbum a seguir a …Ready for it?
Maroon — não é red, é maroon. Que hino de música — ouço quase sempre duas vezes seguida.
Anti-Hero — dava um track 5 perfeito; adoro como ela fez um refrão meio animado, que fica no ouvido, numa música tão triste.
Snow On The Beach — opinião pouco popular mas eu meio que não sinto falta de ouvir mais da Lana del Rey.
You’re On Your Own, Kid — é daquelas músicas que, depois de ver o Miss Americana, ganha ainda mais impacto. Identifico-me demasiado.
Midnight Rain — a parte má desta música é que parece que acaba de forma abrupta, demasiado rápido.
Question…? — posso perguntar-te uma coisa? Já alguma vez ouviste uma música que te fez logo sentido por tudo aquilo que está a acontecer e que já aconteceu na tua vida? Bem, esta música é isso para mim.
Vigilante Shit — amo a vibe de reputation desta música.
Bejeweled — tenho adorado ouvir esta música. Ainda bem que foi single. (vou totalmente fazer a trend do TikTok)
Labyrinth — a sério, a Taylor sabe o que acontece na minha vida. Só que o meu avião despenhou-se.
Karma — a vontade de arranjar um gato e chamar-lhe Karma apesar de ser super alérgica a gatos.
Sweet Nothing — quando eu tiver filhos esta vai ser a canção de embalar que vou usar. É tão tranquila, bonita e simples. Quero o Joe a escrever mais com a Taylor.
Mastermind — a minha parte preferida desta música é quando percebemos que a Taylor achava que era a mastermind da situação, mas, na verdade, ele é que é.
The Great War — ao nível de Maroon é uma das melhores músicas do álbum, que me deixa completamente destroçada.
Bigger Than The Whole Sky — chorei na primeira vez que ouvi esta música. E na segunda. E na terceira. E em praticamente todas as vezes.
Paris — adoro a música, mas realmente identifico-me muito com aqueles TikToks de pessoas que não conseguem cantar certas partes da música por serem tão rápidas.
High Infidelity — sim, Taylor, quero saber onde estiveste no dia 29 de abril.
Glitch — a sério, Taylor, pára de escrever sobre a minha vida. Não aguento ter a nossa história nas tuas músicas…
Would’ve, Could’ve, Should’ve — ah e tal, queremos uma versão de 10 minutos de Dear John? Não, não queremos. Esta música já nos dá isso. E dói ainda mais.
Dear Reader — esta balada é tão bonita e tão triste, socorro.
Os meus top 5
As Mais Ouvidas:
- Bejeweled
- Midnight Rain
- Maroon
- Vigilante Shit
- The Great War
As Preferidas (do momento, vá):
- Maroon
- Bigger Than The Whole Sky
- The Great War
- Glitch
- Bejeweled
As Que Foram Escritas Sobre Mim:
- Glitch
- Anti-Hero
- Question…?
- Bigger Than The Whole Sky
- You’re On Your Own, Kid