{
ouço o tic-tac do relógio e a minha mente oscila entre o fascínio de ainda haver quem tenha relógios analógicos e a vontade de atirar o relógio contra a parede mais próxima. passou mais um dia. já não sei em quantos dias vou sem chorar por ti, mas também já não sei em quantos dias vou desde que percebi que não eras realmente quem eu acreditava seres. o tempo contigo e o tempo sem ti parecem mover-se numa dança estranha. tic-tac, tic-tac, tic-tac.
as folhas das árvores já passaram de verdes para vermelhas, para douradas, para o chão. anoitece cada vez mais cedo e tenho saudades de caminhar sempre com o sol a bater-me na cara e a lembrar-me de como noutro inverno tu apareceste luminoso e desejado, como só o sol consegue ser desejado depois de muitos dias de chuva.
comprei as prendas de natal e não tive de pensar em ti. mas olho para o livro do Dave Grohl na minha lista de desejos literários e lembro-me de quando disseste que ias guardar a referência para mo ofereceres no natal. tal como aconteceu em tantas coisas sobre ti, vou ter de tratar do assunto sozinha.
costumava pensar que tinhas sido a pessoa certa na hora errada, mas, tal como aconteceu em tantas coisas sobre ti, acho que estava enganada. agora penso que foste a pessoa errada na hora certa. até os mais belos dias de sol podem ser seguidos do pior dia de chuva e tu trouxeste a maior tempestade já vista. eu fui a pessoa certa, na hora certa, mas tu vieste tão errado quanto eu estive no exame de matemática do décimo segundo ano. só que, ao contrário do que aconteceu no exame de matemática do décimo segundo ano, não deu para passar e agora a única coisa que passa é o tempo. tic-tac, tic-tac, tic-tac. hora certa.
}
Gosto tanto destes teus pensamentos