Quando a Rita escreveu sobre All The Light We Cannot See, de Anthony Doerr, disse que era como ter janeiro num livro e eu não podia estar mais de acordo. Estou a adiantar-me, eu sei, mas não consigo ultrapassar o facto de este livro ter sido janeiro. A minha história com o All The Light We Cannot See começou em 2018, quando li The Light We Lost pela primeira vez. O livro de Anthony Doerr era mencionado e eu fiquei curiosa. Comprei-o numa promoção da Kindle Store em janeiro de 2021, mas só o Clube do Livra-te me fez finalmente pegar nele, dois anos depois de o comprar. Honestamente, já nem sabia sobre o que era o livro e a sinopse, sinceramente, não entrega grande coisa.
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Trigger warning:
discriminação; guerra
All The Light We Cannot See
All The Light We Cannot See é a história de dois lados da II Guerra Mundial: o lado francês, dos que fogem, e o lado alemão, dos que atacam. Estes dois lados coexistem aqui em duas personagens muito características — Marie-Laure, a menina cega que foge de Paris com o pai, em direção a Saint Malo, e Werner, o menino orfão alemão que, por ter um talento extraordinário com rádios, acaba por integrar uma equipa de soldados alemães. Confesso que simpatizei com Werner à partida, mesmo que ele seja um rapaz muito influenciável e que demora a conseguir pensar por ele mesmo, porque tenho um tio com o mesmo nome.
O livro existe entre avanços e recuos, acompanhando o início das hostilidades e o fim. Se parece que é muito dinâmico… é só aparência. A sensação que tive foi sempre a de que quantas mais páginas lia mais páginas havia por ler. Parecia impossível avançar nesta história.
Aren’t we half-breeds too? Aren’t we half our mother, half our father?” “They mean half-Jew. Keep your voice down. We’re not half-Jews.” “We must be half something.” “We’re whole German. We’re not half anything.”
Agora, não me entendas mal: a escrita é bonita, sim. Tem uma beleza muito particular e o facto de a história ter a sua dose de realismo mágico é interessante também, principalmente quando juntamos à forma como Marie-Laure, cega, é uma personagem com uma forma muito peculiar de sentir as coisas à sua volta.
No entanto… que leitura longa! Demorei um mês para o ler, mas pelo meio peguei noutros livros, para não desanimar. Há livros de 500 páginas que voam e esta é um livro de 500 (e muitas) páginas que anda a passo de cortejo fúnebre.
Ainda assim, queria muito assinalar esta leitura porque sei que, em muitos casos, quando a leitura não está a fluir, eu abandono os livros sem qualquer problema e, neste caso, acabei por não o fazer porque, mesmo sendo difícil, acho que nos apegamos um pouco à Marie-Laure e aos seus esforços. Tirava, na boa, umas 150 ou 200 páginas à história, mas continuaria sempre a torcer para que nada de mal acontecesse àquela rapariga. Só não precisava de tanta lentidão, como os caracóis de que ela tanto gostava.
Título original: All The Light We Cannot See
Título em português: Toda a Luz Que Não Podemos Ver
Autor: Anthony Doerr
Ano: 2014 (PT: 2015)
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Há personagens que nos conquistam e é só mesmo por elas que vamos permanecendo perto do enredo (ou quase só por elas, vá :D)
Ainda não li este livro e acho que vou demorar até pegar nele