Quando comecei a pensar este blog, em 2015, não sabia exatamente o que queria dele. Sabia, isso sim, que queria romper com os seis anos do blog que trazia até então. Não queria o peso daquelas memórias e daquelas partilhas porque já não me representavam nem representavam a pessoa que queria ser. Também sabia que queria criar um espaço que perdurasse apesar da evolução que esperava que houvesse em mim e na minha vida. Foi assim que comecei a trabalhar este blog: queria um espaço sólido, que perdurasse.
Ainda assim, posso dizer-te que houve alturas em que não sabia se ia perdurar. Aconteceu tanta vida desde aquele verão que posso dizer, honestamente, que houve momentos em que este blog parecia não estar a encaixar comigo — ou eu com ele. Houve alturas em que as palavras não saíam e eu sentia que, se calhar, estava a deixar morrer. Houve alturas em que as palavras saíam e eu sentia que ninguém as estava a ler e, por isso, se calhar, estavam a deixar morrer.
Mas há uma coisa curiosa: quando se celebram 8 anos de casamento diz-se que são as bodas de barro. O barro significa, aqui, a maleabilidade que o casal deve ter e essas cenas todas. Obviamente, um blog não é um casamento, mas é um compromisso também e acho que bodas de barro fazem todo o sentido aqui. Quando se está a criar uma peça de barro é preciso trabalhá-la, moldá-la, de forma a conseguirmos que seja como queremos. E quando falhamos podemos simplesmente deitar tudo abaixo e começar de novo. Nota-se que não percebo de olaria, certo?
Os blogs que sigo — e o meu — têm feito isso ao longo dos tempos: moldaram-se, foram trabalhados, mudaram de acordo com a vida de quem os escreve. Há alturas em que mal conseguimos sentar-nos e respirar aqui, em que temos saudades dos tempos em que escrevíamos duas ou três publicações por dia. E há alturas em que parece que temos milhares de palavras para partilhar e tudo flui.
Se me dissessem, em 2008, naquela aula de TIC, que estava prestes a aprender a trabalhar com algo com que iria trabalhar durante 15 anos eu teria rido. Se me dissessem, em 2009, que aquele 11 de março era o início de 14 anos de uma vida partilhada na internet eu teria rido. Se me dissessem, em 2015, que criar este blog ia ser uma decisão da qual nunca me iria arrepender eu teria concordado, mas surpreendida.
Em oito anos este blog trouxe-me amigos, oportunidades de ir a eventos, oportunidades de trabalho e a sensação de dever cumprido. É certo que um dia pode deixar de fazer sentido, mas, enquanto fizer, será sempre uma peça de barro em moldagem. e tem sido uma das melhores peças de barro para moldar.
Que venham ainda mais peças de barro, porque tem tudo para continuar a ser uma viagem extraordinária. Da minha parte, cá estarei para ver o resultado *-*
Muitos parabéns e que venham muitos mais!