Além de mood reader, às vezes também sou um bocadinho mood reviewer… que é como quem diz: às vezes não estou no espírito para escrever reviews de livros e deixo ficar. É por isso que leio muita coisa que nunca vem parar ao blog. No entanto, tenho-me esforçado por deixar sempre qualquer coisa no Goodreads. Enquanto listava os livros que li este anos sobre os quais ainda não tinha escrito, percebi que havia vários sobre os quais não tenho realmente muito a dizer, mas quero mesmo, cada vez mais, assinalar aqui o que leio. A minha solução foi fazer uma série de mini-reviews destes livros. Acabei por incluir apenas os do primeiro semestre e, depois, no final do ano repito. Muitos destes livros foram livros que não me marcaram ou sobre os quais realmente não fiquei com muito que dizer.
Amor Na Porta da Frente, Andreia Ramos
Foi a minha segunda oportunidade dada à escrita da Andreia Ramos e não sei se terá sido a última. A fórmula dos livros dela não combina muito com o que gosto de ler — nem com as comédias românticas que gosto de ler — e é perfeitamente aceitável que assim seja. Para mim, o livro chateou-me pelas coisas irrealistas (um part-time num café paga renda num apartamento perto da Avenida da Liberdade? Desde quando?). Eu sei que ficção não tem de representar obrigatoriamente a realidade, mas eu prefiro quando o faz.
E, claro, ler uma frase em que a personagem principal (de uma classe social privilegiada) diz: Apesar de nunca ter sido pró-aldeias… demasiado estereótipos, não dá. Sim, há pessoas que não gostam do campo, mas há necessidade de escrever isto assim? E uma personagem tão chique e conhecedora de moda não teria roupa e calçado além de saltos altos e coisas formais? Um pormenor de que gostei foi todos os capítulos começarem com excertos de músicas de uma banda que só conhecemos muito depois.
Dearly, Margaret Atwood
A poesia tem entrado na minha vida como leitura de tranquilizar a mente. No entanto, devia ter adivinhado que a poesia da Margaret Atwood nunca seria tranquilizante. Excluindo a poesia visual, este foi o tipo de poesia mais diferente que li e até gostei. É um livro que mostra muitas facetas da autora e os poemas navegam entre ironia, crítica social e até histórias em verso — algo que eu adorei. Mais do que poesia dita normal, senti que era um livro com histórias e pensamentos em verso e, para mim, mesmo sem me tranquilizar a mente, foi muito bom.
O Estrangeiro, Albert Camus
Fui para este livro totalmente às cegas. Não conheço quem o tenha lido, nem fui procurar. Só fui e acabei surpreendida pelo quanto gostei de o ler. Fez-me lembrar um pouco Kafka. Meursault regressa a casa após a morte da mãe e parece tão desligado, tão peculiar. Toda a história parece ter significados escondidos, mas sem deixar de ser um livro que se lê bem e nos envolve.
Lola, Cátia Vieira
Tentei ler o livro na altura em que saiu e não consegui acabar porque não estava a gostar da história. Entretanto tinha uma amiga a dizer para dar outra oportunidade, ouvi alguns podcasts em que a Cátia participou e achei que, pronto, se calhar podia dar outra oportunidade. Aquilo de que não gostei da primeira vez continuei a não gostar agora: demasiados temas-sensação num só livro.
A escrita é boa, embora eu ache que beneficiava de alguma revisão extra. Não gostei propriamente das personagens, mas acho que também não era para gostar. Gostava de ter tido mais detalhes sobre a questão do doutoramento, porque acho que perder o rumo durante um doutoramento é comum e nunca tinha lido sobre isso nem sobre simplesmente perceber que é um percurso que deixa de fazer sentido.
Communication Power, Manuel Castells
Ora, leituras de contexto académico? Temos, sim. Castells é um nome que me acompanhou na licenciatura e ao qual tive de voltar durante a pesquisa e escrita da tese. O Communication Power é um livro com um título autoexplicativo, que reflete sobre como as tecnologias comunicacionais afetam a forma como pensamos. É um livro de 2009, por isso haveria muito mais a dizer hoje, com todas as redes sociais que surgiram entretanto, mas não deixa de ser algo atual.
Youtube e a Revolução Digital, Jean Burgess & Joshua Green
Mais uma leitura de pesquisa para a tese, desta vez num livro focado unicamente no Youtube. Li uma versão brasileira, mas tinha lido um capítulo em inglês, e gostei muito da escrita e organização do livro. Mais uma vez, é um livro que, atualmente, teria de incluir muito mais, mas percebi que é um livro muito importante sobre estes temas e acho que é uma excelente leitura mesmo fora do contexto académico.
Other People’s Clothes, Calla Henkel
Se não tivesse sido escolha do Clube do Livra-te provavelmente nem a capa bonita me faria pegar-lhe porque não é o meu tipo de livro. Achei o desenvolvimento um pouco lento, algo que me estava quase a fazer perder a esperança em ler de facto o livro. Mas depois o livro vai-nos envolvendo ao ponto de ficarmos desesperados por perceber o que raio está a acontecer.
Gostei muito das referências de início dos anos 2000, que me parecem essenciais para dar fundamento aos acontecimentos da história. Também gostei do facto de o final não ser totalmente fechado, porque continuamos a questionar-nos sobre se as coisas terão realmente acontecido como nos foi dito.
Contas-Poupança, Pedro Andersson
Muitas dicas podem ser básicas para quem já tem mais conhecimentos de finanças pessoais ou para quem (como eu) acompanha o podcast, mas acho que é um bom guia simplificado de poupança e uma leitura muito boa para quem quer (e/ ou precisa de) meter as contas em ordem.
Muitos livros sobre finanças pessoais vão logo diretos a investimentos e afins e este livro é muito mais focado nas famílias normais, que têm ainda de mudar hábitos ou de começar a compreender a poupança de uma forma diferente antes de se meterem a investir.
The Summer of Broken Rules, K.L. Walther
Há uma review no Goodreads que diz que nenhuma regra foi quebrada e é verdade. Só aí já estamos a ser enganados. Mas pior: foi-me prometido que era um livro cheio de referências à Taylor Swift e… falhou. Precisava de mais Taylor.
Gostei da escrita, mas muito do livro inclui descrições do jogo do Assassin e isso foi muito aborrecido de ler. As personagens não são cativantes e meio que parece estranho serem adolescentes mas comportarem-se como adultos.
A Televisão e o Serviço Público, Eduardo Cintra Torres
Tinha este ensaio há algum tempo em casa, de quando ainda me apetecia estudar tudo sobre jornalismo. O ensaio é interessante, mas pode tornar-se maçador caso não seja um tema que nos interesse por completo no momento.