- Quando: 16 de novembro de 2023
- Gatilhos: não ter vergonha na cara
Deve Ser, Deve foi uma excelente estreia para o Guilherme. É um livro onde se nota muito trabalho de pesquisa, com tantas teorias da conspiração loucas que não deixamos de ficar surpreendidos, mas estava ansiosa por poder ler o Guilherme em algo como o Que Pouca Vergonha.
Que Pouca Vergonha é um livro de crónicas humorísticas, dividido em três partes — Eu, Tu e Nós —, com as crónicas a encaixarem na parte correspondente. Temos crónicas sobre tratar gatos por filhos, dobrar sacos em triângulo (aqui me acuso!), avisos de gatilho ou até escrever à mão.
Só isso explica que «foder» seja uma coisa boa, mas «estarmos fodidos» seja uma coisa má. Pior ainda quando nos dizem que «o Telmo é um gajo fodido» e ficamos sem saber se devemos ter medo, orgulho ou indiferença. Em Portugal, perceber o que nos dizem é fácil, perceber o que nos querem dizer é que dá trabalho.
Que Pouca Vergonha lê-se num sopro e arranca-nos acenos concordantes e sorrisos culpados. É um livro que permite que o humor do Guilherme brilhe e esteja menos limitado tematicamente. Para quem, como eu, o ler depois de ver o espetáculo Não Faz Sentido, há ali uma série de pontos de ligação que adorei. O melhor momento do livro está, claro, no meu texto preferido, que é menos crónica e mais carta: Eu que não sei ser tio. Vale a pena dar uma oportunidade ao Guilherme. Não fazê-lo seria uma pouca vergonha.
Que Pouca Vergonha este livro chegar ao fim! Está maravilhoso e também acho que brilha ainda mais neste 🙂