daylight

Nunca fui espectadora do iCarly. Lembro-me de a série ser transmitida na SIC, mas era dobrada e eu sempre tive uma certa aversão a conteúdos dobrados por isso não perdia muito tempo a tentar perceber o que por lá se passava. Tinha noção da sua existência e das atrizes principais, mas, por exemplo, só soube na altura em que saiu este livro que a Ariana Grande andou por lá também.

Quando I’m Glad My Mom Died saiu, no ano passado, todo o alarido à volta do livro me deixou curiosa. Em primeiro lugar porque eu gosto muito de livros de memórias e biografias. Em segundo lugar porque estava curiosa para perceber o que tinha sido, na realidade, a vida da Jennette McCurdy, de estrela da representação infantil a vítima de abusos sucessivos por parte da mãe. Acabei por ler Ainda Bem Que A Minha Mãe Morreu durante o verão (a tradução portuguesa está, à data, disponível no Kobo Plus), determinada a que o sol desse algum calor a uma leitura que se avizinhava difícil.

É um livro duro e difícil de ler, mas tem uma escrita muito apelativa, humorística e que vai perdendo ingenuidade ao longo do livro tal como ela a foi perdendo ao longo da vida. Sinto que esta evolução ao longo do texto funciona muito bem e ajuda a que o leitor se sinta ainda mais ligado àquilo que está a ler. No fim, também nós concordamos que ainda bem que me a mãe dela morreu.

Não recomendaria o livro a qualquer um. De gatilhos de distúrbios alimentares a abusos familiares ou abuso de álcool, é um livro com muitos assuntos pesados. No entanto acredito que é, até ao momento, um dos melhores livros de memórias que já li, um daqueles em que consigo sentir que a história me foi coitada de forma muito pensada e ponderada, mas sem floreados. Talvez o encontrem na lista dos favoritos do ano.