daylight

A primeira vez em que ouvi falar de Criaturas Extremamente Inteligentes foi na Feira do Livro do Porto. Não conhecia o livro e a Andreia mencionou que era um livro que lhe interessava. Ficou no meu radar, para quando calhasse. Calhou que foi a escolha de dezembro do The Characters Club e eu achei que era a desculpa certa para o ler.

Criaturas Extremamente Inteligentes talvez prometa mais polvos do que dá, mas já lá vamos. Tova Sullivan começou a trabalhar à noite, a limpar o Aquário de Sowell Bay, depois de o marido morrer. Queria algo com que ocupar o tempo e a mente para lidar com a dor — a da morte do marido, mais recente, e a da morte do filho de 18 anos, há 30 anos. No Aquário Tova descobre uma amizade improvável: Marcellus, o polvo-gigante-do-pacífico que por lá vive e que gosta particularmente de escapar do seu aquário.

Além dos pontos de vista de Tova e de Marcellus, temos ainda o ponto de vista de Cameron, que, sem dinheiro e sem trabalho, decide partir para Sowell Bay à procura do pai, para lhe pedir anos de pensões de alimentos não pagas.

Como criatura extremamente inteligente, Marcellus é um narrador quase omnisciente e é ele que vai percebendo as personagens ainda mais depressa do que elas se percebem. No entanto senti que ele devia ter tido um papel mais participativo, que devia ter estado mais presente na história. Ele acaba por ser o fio condutor, mas não tanto como esperava.

Quanto ao resto do livro, demorou alguns capítulos a cativar-me por completo, mas assim que o fez foi uma leitura muito agradável. Adorei a Tova — não costumo ler livros com personagens tão mais velhas do que eu e toda a ideia de escolher ir para um lar, não ter uma família para tomar conta dela, etc., foi interessante de ler.