- Quando: 1 e 2 de novembro de 2023
Há algo de fabuloso em ver escritores de renome falar sobre escrita. Quando esses escritores são dos mais inacreditáveis da literatura sul-americana o resultado só pode ser incrível. Duas Solidões traz precisamente essa premissa. Transcrevendo um encontro de setembro de 1967, Duas Solidões junta Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa em duas conversas sobre escrita. À época, García Márquez já tinha publicado Cem Anos de Solidão e Vargas Llosa tinha acabado de ganhar o Prémio Rómulo Gallego com o livro A Casa Verde.
Mario Vargas Llosa: Aos escritores acontece uma coisa que — parece-me — nunca acontece aos engenheiros nem aos arquitetos. Muitas vezes as pessoas interrogam-se: para que servem? As pessoas sabem para que serve um arquiteto, para que serve um engenheiro, para que serve um médico; mas quando se trata dum escritor, as pessoas têm dúvidas. Mesmo as pessoas que pensam que servem para alguma coisa, não sabem exatamente para quê. […]
Gabriel García Márquez: Eu tenho a impressão de que comecei a ser escritor quando percebi que não servia para nada.
Percebemos que há alguma proximidade na forma como ambos compreendem a literatura, mas também muitas diferenças e há ali duas formas diferentes de ver a literatura, a escrita e, acreditamos, a vida. Para mim, é um livro que diria necessário para os fãs destes autores — ou apenas de um deles — porque permite dar uma perspetiva muito interessante sobre a forma como, naquela altura, ambos encaravam a sua arte e o aumento do interesse na literatura daqueles países.
É uma leitura muito simples e rápida, porque o livro é pequenino e todo em formato diálogo, com várias fotografias do encontro de ambos. Mas também é uma leitura que, para quem escreve, acaba por nos dar um certo abraço e um saco de temas sobre os quais pensar.
Título original: Dos Soledades
Título em português: Duas Solidões
Autores: Gabriel García Márquez & Mario Vargas Llosa
Ano: 2021
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