o jornalismo está mal. está sempre.

A imagem que ilustra esta publicação é da autoria do Nelson Garrido, retirada do site do Público.

Não me lembro de alguma vez alguém ter dito que o jornalismo estava bem.

Quando decidi que queria estudar jornalismo disseram-me que era um meio complicado. Durante o curso diziam-nos que o meio estava complicado. Sinceramente acho que até nos olhavam como se estivéssemos um pouco loucos por estar ali. Por vezes parecia que estavam a vir novos ventos. O digital começava a impor-se e vinham jornais novos que só iam existir online. Os que existiam em papel iam ter de se renovar. Mas havia sempre tantos desafios. Profissão mal paga. Profissão descredibilizada. Artigos feitos para os cliques. Desinformação. Sensacionalismo. Mais negócio e menos veracidade. O jornalismo nunca está bem.

A verdade é que entre o jornalismo não estar bem e os jornalistas não estarem bem vai um bocadinho. A situação atual transcende o jornalismo não estar bem. O jornalismo sempre teve muita precariedade, mas neste momento precariedade parece uma palavra sem impacto para o que se passa no grupo Global Media.

Nunca olhei para trás quando decidi que não ia mesmo tentar ser jornalista, mas pensei muitas vezes se poderia ter sido jornalista se tivesse havido outras condições. Não acredito que tivesse sido boa jornalista, apesar de acreditar que sou boa a escrever. No entanto o jornalismo sempre foi uma paixão minha e só não o quis como profissão. Pago mensalidade num jornal, leio notícias todos os dias e continuo a estar atenta ao que os meus colegas que continuam a ser jornalistas fazem, sempre com uma pontinha de orgulho porque os vi começar. Tenho pensado muito neles nas últimas semanas. Não estão naquele grupo, mas não quero que alguma vez venham a estar. Só que eles também não saem incólumes desta situação. Ninguém sai.

Mesmo quando não tinha tanta consciência social e política, sempre vi os jornalistas como fundamentais para um mundo mais democrático e mais transparente. Onde quem não tem voz pode passar a ter. Mas se não os tratamos como tal o que será da nossa sociedade? O que restará?

partilha a tua teoria...