- Onde: Teatro Sá da Bandeira, Porto
- Quando: 23 de janeiro de 2024
Não foi à toa que o Voz de Cama foi o meu podcast mais ouvido de 2023. Apesar de acompanhar a Tânia Graça há algum tempo, só no início do ano passado comecei a ouvir o Voz de Cama. Durante semanas a fio, a Tânia e a Ana acompanharam-me religiosamente. Identificava-me com muitos dilemas, aprendia muito com outros tantos. Numa fase em que eu própria estava a recuperar de algo altamente tóxico e a tentar compreender o que estava a acontecer entre mim e outra pessoa, ouvi-las era como estar entre amigas e sabe o universo o quanto eu precisava de amigas naqueles tempos.
Assim que anunciaram que iam fazer Voz de Cama ao vivo em Lisboa e no Porto soube que tinha de ir. O primeiro espetáculo esgotou muito rápido, por isso arranjámos bilhetes para a segunda noite no Teatro Sá da Bandeira. Aquilo que eu esperava era uma recriação do podcast, com um ou outro convidado, mas mesmo assim consegui sair surpreendida.
O Voz de Cama ao vivo durou quase duas horas, mas foi mais do que a recriação do podcast. Senti-as muito mais à vontade, foi muito interessante poder reagir e ver outras reações a cada dilema, e sinto que os convidados estiveram à altura. A nós calhou o Peter Castro, para responder a uma questão política, e o Tiago Nacarato, para uma questão sobre alguém que não sabia se havia de tentar um terceiro encontro com outra pessoa porque não se sentia arrebatada. E, claro, o Tiago ainda cantou no final.
Além dos convidados, uma pessoa teve oportunidade de ir ao palco e partilhar um dilema ou uma questão. Para mim, foi a parte menos conseguida porque a questão que a rapariga deixou (sobre autismo) era muito difícil de abordar sem uma boa sessão de estudo — e sem um exemplo concreto. Foi um esforço para a Tânia e para a Ana responder àquilo porque, sinceramente, era tudo menos uma pergunta simples e passível de resposta num curto período de tempo.
Fora isso, gostei muito de assistir ao espetáculo, senti na mesma que estava entre amigas (desta vez eram muitas mais amigas, porque o público masculino era escasso) e saí de lá com muito em que pensar, mas, acima de tudo, saí de lá agradecida por podermos reunir-nos e discutir temas tão importantes para as relações humanas. É tão importante haver espaços sem julgamento para fazer perguntas e aprender. Só quero que a Ana e a Tânia façam isto durante muito tempo, seja em que formato for.
Foi mesmo incrível! Voltem mais vezes *-*