Há uns tempos, estava a ler as publicações que fazia sobre Lisboa quando lá vivia e dei por mim a pensar no motivo pelo qual o mesmo não acontece aqui no Porto. Por um lado, acho que isto acontece porque a maior parte dos lugares onde vou são lugares onde já tinha ido e, por isso, lugares sobre os quais já tinha escrito. Por outro lado, acho que me desabituei de fotografar os espaços e de escrever sobre eles. Sinto, até, que é um tipo de conteúdo que caiu meio em esquecimento nos blogs. Ainda se fala dos espaços visitados em viagem, mas aqueles perto de casa parecem ter ficado para trás. Talvez estejamos todos a sair menos — para visitar ou comer —, mas talvez por isso faça mais sentido partilhar os lugares onde vamos. Se nos fizeram sair de casa alguma coisa de especial terão, não é?
Partindo desta premissa, comecei a pensar que, se calhar, era um tipo de conteúdo que gostava de trazer de volta. Não vou assim a tantos lugares, por isso não é conteúdo regular, mas às vezes vou a lugares de que gosto e que quero que fiquem marcados para lá de uma menção no Instagram ou na newsletter. Um desses exemplo é o Ponto 2, um café acolhedor na Boavista.
Encontrei o Ponto 2 por acaso e quase agradeço o facto de não o ter conhecido antes, quando ainda estava no mestrado. Teria ido mais vezes de metro e teria passado lá muito tempo. Acabei por o conhecer apenas no final do mestrado e esperei que se proporcionasse a possibilidade de uma visita. Quando eu e a Andreia falámos da possibilidade de fazer umas sessões de escrita acabei por o sugerir. Nenhuma de nós conhecia o espaço por isso partimos à descoberta. O resultado da sessão de escrita foi um total de zero palavras escritas, mas o resultado da visita foi muito mais valioso.
O Ponto 2 é um espaço polivalente. Além de café, alberga também uma exposição de arte e ocasionalmente há eventos lá. Tem uma esplanada, mas nós escolhemos ficar dentro, uma vez que pretendíamos ficar até mais tarde. Enquanto lá estivemos deu para perceber que o Ponto 2 atrai muitas faixas etárias, muito também pelo facto de terem venda de pão e produtos de pastelaria, incluindo bolos caseiros, que variam diariamente. É uma espécie de pastelaria do bairro e gostei da sensação de familiaridade e acolhimento que isso me transmitiu.
Agora aquilo que realmente importa: a comida e bebida. Pedimos ambas um café bueno, que junta kinder bueno e leite condensado à chávena de café expresso, e uma fatia de cheesecake de marmelada. Depois ainda precisei de mais incentivo e pedi um cappuccino. O café bueno é doce, mas como eu realmente gosto de café doce não achei exagerado e até senti que o amargo do café equilibrou bem o leite condensado. O cheesecake era muito bom, dos melhores que já comi, e gostei muito da cobertura — doce o suficiente, em bom equilíbrio com o resto da fatia. O cappuccino era o tipo de cappuccino habitual, mas gostei muito.
O espaço é muito acolhedor e acredito que seja muito agradável para trabalhar e o atendimento também foi muito simpático, pelo que espero que haja mais visitas no futuro. Além de pastelaria, servem também sopas e saladas, mesmo a pensar nas horas de almoço, tostas, iogurtes, crepes e panquecas, além dos bolos. Em relação a preços, achei muito acessível, com uma fatia de bolo a custar 3,50€. O cappuccino simples foi 1,70€ e o café bueno fica a 1,80€.
Se vierem ao Porto, fica a sugestão, mesmo à beira de uma das entradas para o metro da Casa da Música. Para mim, fica o lembrete de fotografar os espaços e não apenas a comida.
Localização: Avenida de França 202
Horário: de 2.ª a 6.ª feira: 7h30 – 19h30 // sábado: 8h – 18h
Foi mesmo uma belíssima descoberta: super acolhedor, com pessoas que nos fazem sentir em casa e comida deliciosa. Acho que melhor era impossível. Temos de voltar para uma verdadeira sessão de escrita ahahah