3 álbuns portugueses que ando a ouvir em repeat

Vamos falar de música portuguesa? Nos últimos meses tenho ouvido muita música portuguesa e andei a descobrir A Garota Não e a redescobrir a Capicua, ouvi Rita Vian e até passei pelo álbum da Bárbara Bandeira. No entanto, apesar desta enchente de vozes femininas portuguesas hoje só trago homens. Mais: trago rappers portugueses (também trago pop, vá).

O rap e o hip-hop estão longe de ser os géneros que mais ouço e, curiosamente, são géneros que ouço muito em formato híbrido, ou seja, em música que une o rap e o hip-hop a outros géneros musicais. Acho que não é preciso dizer porquê, certo? Estamos a falar de mim, fã de Linkin Park, banda de rock que sempre teve um grande hibridismo musical, principalmente entre rap e hip-hop com o rock.

Sinto que nestes três artistas — e nos respetivos álbuns de que falarei — existe também uma convivência bonita entre o rap, o hip-hop e uma série de géneros musicais.

Afro Fado, Slow J

Nunca tinha ouvido Slow J até Afro Fado sair e de repente estar no top global de álbuns mais ouvidos no dia de lançamento no Spotify. Fiquei curiosa com o álbum e com o resto da discografia. Parti para Afro Fado e, depois, acabei a ouvir os restantes trabalhos e a encontrar muita música de que gostei (fica aqui um apreço especial pelo Slo-Fi, de 2020, que foi direitinho para a minha playlist de escrita). Mas falemos de Afro Fado.

São 14 temas, em que realmente o rap e os ritmos africanos dançam juntos e, sim, até o fado tem uns toques — com a sempre incrível Teresa Salgueiro. Gostei especialmente do facto de as letras do Slow J terem muito de observação e crítica social. Quando ele foi ao Watch.TM, o videocast do Pedro Teixeira da Mota, o Teixeira da Mota disse-lhe algo sobre as músicas dele dizerem muito, terem muitas palavras, e achei isso muito curioso porque sinto exatamente isso: a música dele diz muita coisa, vive muito de palavra. Acho que foi por isso que gostei tanto — não só deste álbum, mas de toda a discografia.

Afro Fado tem a melancolia do fado e o ritmo afro que vivem numa união perfeita, «simples, como um som que embala». Fiquei completamente fã do Slow J enquanto descobria o trabalho dele e vou já dizer aqui que vou ficar muito surpreendida se ele não aparecer no meu Spotify Wrapped de 2024.

🖤 Favoritas: Ultimamente, Sem Ti.

O Próprio, Dillaz

Entramos agora na categoria: artistas que eu fui ouvir porque cantaram com a Bárbara Bandeira, sendo o primeiro desta categoria o Dillaz. Carro é, possivelmente, a minha música preferida do álbum da Bárbara Bandeira e como só conhecia o Dillaz de nome — nunca o tinha ouvido, penso eu, — não estava a perceber o entusiasmo à volta do dueto o incluir. Então fiz o que faço tantas vezes e fui ouvir o último álbum que ele tinha à data (Oitavo Céu, de 2022) e fui ler alguns artigos para perceber o impacto dele.

Acontece que saiu um álbum novo a meio de fevereiro, O Próprio, com 16 músicas, e eu achei que era uma boa ideia ir descobrir o álbum à partida, já que ainda tenho a discografia inicial dele por descobrir. Na minha qualidade de pessoa que percebe pouco destas andanças, diria que o Dillaz é muito de rap dito mais tradicional em ritmo e em escrita, no entanto O Próprio tem aqui uma série de músicas que o desafiam, incluindo as minhas favoritas.

Destes três, o Dillaz é aquele que conheço pior, mas também é o autor da minha obsessão musical do momento: Alô, um dueto com o Plutónio, que está a tocar constantemente na minha playlist porque adoro o ritmo e adoro a vibe de alguém que está a tentar contactar a outra pessoa porque quer passar tempo com ela e a atração física é excecional, numa espécie de história de amor da era moderna, com a qual talvez me tenha identificado — autorizo a dizer que é o meu «preferido, modéstia à parte». Não confirmo nem desminto que esta música já está no top 5 de mais ouvidas deste ano (diz o last.fm).

🖤 Favoritas: Colãs, Alô (feat. Plutónio).

Trovador, Ivandro

Continuamos na categoria de artistas que fui ouvir porque cantaram com a Bárbara Bandeira, desta vez com o luso-angolano Ivandro. Percebi depois que ele participou em programas de talentos há vários anos e era por isso que tanta gente parecia já conhecer o trabalho dele. Eu não conhecia e também não fui realmente ouvi-lo impulsionada pelo dueto com a Bárbara. No entanto quando o álbum dele, Trovador, saído também a meio de fevereiro, apareceu nas sugestões eu achei que era interessante dar-lhe uma oportunidade porque tinha gostado da música com a Bárbara.

Trovador não é um álbum rap, ao contrário dos anteriores, mas também não é um pop tradicional. Soa assim meio pop de fusão, com algum hip-hop e música africana, algo que se nota ao longo das 21 músicas do álbum, com duetos com artistas como Slow J, Bispo, António Zambujo ou Marisa Liz. Ivandro parece ter escolhido fazer um primeiro álbum para experimentar e fazer música sem ter de se colocar numa caixinha.

Além de ser o mais longo destes três, Trovador também é o álbum mais tranquilo dos três, com muita música mais tranquila, mas não se deixem enganar porque também há música que pede um pezinho de dança. Confesso que o Ivandro é o único destes três de quem ainda não fui ouvir música antiga, mas isso ainda pode mudar.

🖤 Favoritas: Chackras (feat. Julinho Ksd), Conversa (feat. António Zambujo).

Gostaste deste conteúdo?

2 Replies to “3 álbuns portugueses que ando a ouvir em repeat”

partilha a tua teoria...