- Quando: 11 a 13 de fevereiro de 2024
- Gatilhos: saúde mental
Fiquei muito curiosa quando, em fevereiro do ano passado, Mãe, Doce Mar foi a escolha da Rita para o Clube do Livra-te. Nunca tinha lido o João Pinto Coelho, mas depois de as ouvir falar dele no podcast achei que este livro seria uma boa opção para ficar a conhecer a obra dele.
Mãe, Doce Mar começa com Noah a revelar que só conheceu a mãe aos 12 anos, mas o livro não é narrado apenas por ele. Temos também Patience, a mãe de Noah, e Frank, um padre jesuíta que se torna amigo de Noah.
Vamos percebendo que a relação entre Patience e Noah é muito peculiar, uma vez que nunca falam do motivo pelo qual ele foi abandonado, mas, ainda assim, criam uma ligação muito bonita entre a casa de praia e o teatro em que Patience trabalha. Ao longo da história, Patience vai revelando algumas coisas do seu passado a Noah e também vamos acompanhando a história de Frank até compreendermos por fim o motivo pelo qual estes três são os narradores.
— Vês esta gente? Antes, eram só desconhecidos, hoje parecem-me uns estranhos. Só dás pela diferença quando já não tens ninguém que tome conta de ti. — E aí, tornei-me mais enfático: — Como é que te explico, Frank? As mães ligam-nos ao mundo, cada vez mais me convenço; perdes a tua, deixas de fazer parte, fica tudo mais hostil.
O livro conquistou-me em várias fases. Primeiro gostei muito da escrita. Depois gostei da forma como fomos conhecendo a história de cada personagem. Por fim a parte metaliterária, em que, perto do final, temos um capítulo de conversa entre Noah e a sua agente literária e percebemos que não só a história é narrada por ele, mas, na verdade, estamos a ler o livro de que ele está a falar com a agente.
Mãe, Doce Mar é uma história de família, mas não é apenas uma história de ficção — na verdade, trata-se de autoficção. Há neste livro um forte carácter autobiográfico e gosto desta sensação que fica de tentar perceber o que é que ali é do autor e o que não é.
Desejosa de o ler *-*
Já ouvi falar deste livro, mas ainda não li.