- Quando: 17 de fevereiro de 2024
- Gatilhos: saúde mental; luto; violência doméstica.
Aquilo de que mais gosto no catálogo Kobo Plus é do facto de ter uma grande variedade de livros e de autores que sempre quis ler, mas que sempre fui adiando. Um desses exemplos é, no campo dos autores, o Rodrigo Guedes de Carvalho. Sempre tive curiosidade em ler algum livro dele, mas nunca foi uma prioridade de compra e, por isso, ia adiando. No entanto o Kobo Plus mudou isso. Como há vários livros dele incluídos achei que era uma boa oportunidade para o ler — e até para ler mais autores portugueses variados — este ano. Escolhi este Margarida Espantada ao acaso, sem qualquer opinião, e acabei por ter uma boa surpresa.
Margarida Espantada é a história de uma família privilegiada pautada por uma vida sombria. Quando os pais morrem num acidente de avião parece que a desgraça se precipita sobre os filhos. Percebemos então que algo aconteceu que tem de ser investigado pela polícia e que, embora tenha sido um acidente, a morte dos pais poderá ter sido aquilo que fez tudo o resto descambar. É assim que ficamos a conhecer o lado sombrio daqueles quatro irmãos: Margarida Rosa, Joana Ofélia, Manuel Afonso e António Carlos, cada um com um lado negro e uma vida a assistir aos maus tratos do pai para com a mãe.
Joana Ofélia ficou a saber que há pessoas que têm um cuidado extremo com as palavras e se tornam muito perigosas porque é muito difícil encurralá-las. E elas a nós enganam-nos com palavras e nem damos por ela.
Começo já por dizer que os nomes das personagens são um tanto cómicos de tão inusitados — há um Paulo Paulino, como é que é suposto isto não ter graça? Além dos nomes, gostei da história e da forma como o autor escolhe contá-la. É um livro com alguma violência e alguma alucinação — propositada — em que dei por mim a questionar como é que aqueles quatro têm uma nuvem tão negra a pairar sobre eles. Fiquei particularmente triste com a história do Manuel Afonso.
Ao longo do livro, o autor vai deixando algumas pistas — as pistas certas, diria eu, — para que o leitor perceba para lá do que é dito e para que consigo tirar as suas conclusões sem que isso tenha de estar detalhado no livro. Não sei quando acontecerá, mas fiquei curiosa para ler mais do Rodrigo Guedes de Carvalho porque há mesmo uma grande qualidade na sua escrita.
Apesar de conhecer, nunca li. 🙂