- Quando: 28 de janeiro a 25 de fevereiro de 2024
A partir do momento em que comecei a ler Mulheres Invisíveis soube que iria escrever sobre ele para o Dia da Mulher. Não havia livro melhor para explicar o motivo pelo qual o Dia da Mulher continua, em 2024, a ser um dia tão importante para assinalar o longo caminho que já percorremos e que ainda nos falta percorrer para a igualdade de género. Mulheres Invisíveis mostra precisamente o quanto deste caminho ainda está por percorrer porque simplesmente as mulheres ainda não são consideradas neste mundo feito para homens.
Mulheres Invisíveis é um livro para passar raiva. Não há outra forma de o dizer. Dividido em seis partes — quotidiano, local de trabalho, conceção, a ida ao médico, vida pública e quando as coisas correm mal —, este livro traz dezasseis ensaios altamente detalhados e e fundamentados sobre áreas em que as mulheres ainda são desconsideradas. É um livro muito denso, com muita informação factual e muitos dados, por isso foi um livro que escolhi ler com calma. Era muita informação junta, uma escrita acessível, mas densa, e um assunto pesado, por isso era a melhor forma com que funcionava para mim.
Por contraste, considerou-se que as vidas dos homens representavam as vidas da generalidade dos humanos. No que toca às vidas da outra metade da humanidade, é frequente haver apenas silêncio.
Já me tinha confrontado com alguns dos temas, como a questão do urbanismo ou das medicações que só são testadas para elementos masculinos, mas houve tantas outras nas quais nunca tinha pensado, como o tamanho dos telemóveis, os testes de segurança automóvel ou a quantidade de urinóis disponíveis num centro comercial.
É um livro em que se aprende muito e que se pode tornar um pouco pesado por causa da quantidade de informação que apresenta. No entanto acho que é um livro muito importante — ainda — até para pensar o futuro. Sabemos que, enquanto mulheres, os nossos direitos foram conquistados, mas não estão garantidos e sabemos que continuamos a ser vistas como o sexo fraco.
Continuamos a ser invisíveis, menosprezadas. As ruas mal iluminadas continuam a ser nossas inimigas, os nossos sintomas continuam a não ser valorizados atrasando diagnósticos, por vezes fatalmente, o trabalho doméstico não remunerado continua a fazer com que trabalhemos muito mais horas. Ser mulher continua a fazer-nos estar em desvantagem. Ainda temos um longo caminho pela frente.
Título original: Invisible Women: Exposing Data Bias in a World Designed for Men
Título em português: Mulheres Invisíveis
Autora: Caroline Criado Perez
Ano: 2019 (PT: 2020)
Nunca li, mas parece interessante.