Aqui há dias vinha numa caminhada a ouvir um episódio antigo de um podcast em que se falava sobre como é que iríamos interagir uns com os outros no pós-pandemia e, a certo ponto, os intervenientes falavam sobre como teria sido ainda mais difícil viver a pandemia num contexto sem internet e redes sociais. Não sei ao certo porquê, mas a primeira coisa que me ocorreu no cenário sem internet foi pensar: o que é que eu escreveria sem internet? Repara, não questionei se escreveria, porque isso era dado adquirido, mas questionei o que é que escreveria.
Hoje completam-se 15 anos de partilha regular da minha escrita na internet. Mais de metade da minha vida. Às vezes admito que isto me assusta: há pessoas que me leem mesmo há 15 anos. Portanto há pessoas que seguiram de perto a minha vida desde que eu era uma adolescente que odiava o mundo (incluindo a mim própria), que escrevia os sentimentos mais efémeros sem medos e sem vontade de os discutir com o mundo, até à mulher que sou hoje e que ainda odeia muitas coisas no mundo, mas não o mundo em si (e muito menos se odeia), que já tem tantos processos de auto-censura que o que escreve já passou pelo crivo para que saia a morno, mas nunca a quente.
Aquilo que tenho tentado, ano após ano, é estabelecer um único compromisso em relação ao blog: ser sempre honesta — principalmente comigo. Há dias em que não me apetece escrever aqui, há publicações que acho mais fracas, há publicações que queria que tivessem mais reconhecimento. Mas são muitos mais os dias em que algo acontece e eu penso que quero escrever sobre isso aqui, em que fico feliz a ver o calendário cheio de publicações, em que sei que os livros podem estar a invadir isto, mas ainda há tantas coisas sobre as quais escrevo que trazem muitas pessoas aqui.
Perguntaram-me há uns tempos, no Instagram, durante quanto tempo achava que ia ter um blog. Se virmos as bloggers grandes de quando começámos vemos que os blogs delas ficaram a ganhar pó. Mas sabe-se lá. Se calhar um dia sou mãe e deixo de conseguir ter o blog na minha rotina. Se calhar escrevo durante mais 15 anos e depois reformo-me da blogosfera aos 44. Se calhar vou ter 80 e tal anos, já num lar ou algo assim, e vou ter um blog da 3.ª idade. Claro que espero estar aqui daqui a um ano, mas sei lá. Já houve muitos momentos em que achei que não ia conseguir voltar porque não estava a conseguir fazer tempo para escrever aqui. Muitos momentos em que fantasiei com apagar o blog, redes sociais e simplesmente deixar tudo o que faço online.
Mas ainda gosto demasiado disto. Venham mais 15 dias, 15 meses ou 15 anos. Desde que venham.
Feliz 15 anos de blogosfera 🥳
Que privilégio que é acompanhar-te por aqui. Venham mais 15, até porque aposto que serão incríveis!
Muitos parabéns! 15 anos é obra!
Parabéns e que venham muitos mais 🙂