No verão, fará sete anos desde a morte do Chester e sinto que para nós, fãs de Linkin Park, têm sido sete anos com muitos sentimentos contraditórios. Não podemos, no entanto, dizer que nos sentimos abandonados pelo resto da banda porque tem havido contacto permanente e, acima de tudo, uma tentativa de a banda honrar o legado do Chester e agradecer o apoio dos fãs. As edições de 20 anos do Hybrid Theory e do Meteora mostraram que ainda havia músicas que não conhecíamos e que eles nos podiam mostrar. Uma forma de termos o Chester a cantar-nos algo que não conhecíamos. Não escrevi sobre aquelas edições comemorativas, mas Papercuts, uma espécie de best of, trouxe-me também alguma da reflexão sobre estes sete anos sem o Chester, mas, sobretudo, sobre os anos com o Chester.
Vamos primeiro ao Papercuts — Single Collections. Chamei-lhe uma espécie de best of porque sei que é algo debatível, há álbuns pouco consensuais, e cada um teria as suas escolhas. Lembro-me, aliás, de há muitos anos, no Twitter, os fãs estarem a fazer um top de músicas preferidas e eu ter incluído Waiting For The End e me terem criticado por a escolher. O A Thousand Suns é, aliás, um álbum que ainda hoje acho subestimado. Mas adiante.
Neste álbum, a banda escolheu vinte músicas marcantes, percorrendo toda a discografia (incluindo a parceria com o Jay-Z). A surpresa aqui ficou para o facto de haver duas músicas novas. A primeira, Friendly Fire, foi o single de avanço e vem das sessões de gravação do último álbum, One More Light, em 2017. A outra é a QWERTY, que não é propriamente nova, uma vez que fez parte do EP Songs From The Underground, mas não existia em nenhum álbum, nem estava disponível em streaming. É uma favorita dos fãs — minha também — e confesso que foi a música que mais gostei de encontrar nesta lista.
Aquilo que tenho sentido dos Linkin Park nos últimos anos é que eles querem celebrar aquilo que a banda foi e ainda é para milhares de pessoas. De vez em quando surgem rumores de que eles vão voltar com um vocalista novo, mas não sei se tal será possível — e não sei se seria algo assim tão bem recebido. Claro que, se fosse vontade da banda, não era algo que pudéssemos propriamente controlar.
Honestamente, não penso muito em novos trabalhos dos Linkin Park. Gostava, sim, de os ver ao vivo. Sei que foi algo profundamente doloroso em 2017, quando fizeram o concerto em honra do Chester, mas eu gostei da ideia de estar num concerto e o público cantar a parte do Chester. Na altura, lembro-me de ter sentido exatamente aquilo que senti quando, na In The End, no Rock in Rio 2012, no meio do público não se ouvia o Chester cantar — só os fãs. É um momento bonito e que, na minha opinião, resultou.
Para já, vamo-nos contentando com estas edições que nos fazem abraçar as memórias.