Há um episódio de How I Met Your Mother intitulado Murtaugh (4×19). A premissa principal do episódio é que o Ted desafia o Barney a completar uma lista de desafios para os quais ele é demasiado velho. Ao mesmo tempo, o Barney desafia o Ted a cumprir desafios para os quais o Ted é demasiado novo. O Barney terá, nesta altura, uns 33 anos, e no desafio estão coisas como ir a uma rave, dormir no sofá de amigos ou mesmo pintar o cabelo de uma cor estranha. Acho que deviam ter incluído, em vez de ir a uma rave, ir à Queima das Fitas do Porto num domingo à noite e passar a segunda-feira com a sensação de ter levado porrada, sem, ainda assim, ter bebido mais do que um fino. Acho que seria adequado. Pelo menos foi o que me aconteceu.
Combinámos ir à Queima porque queríamos ver o fofinho do Slow J. Ora, não ia a coisas destas desde 2016, quando foi a minha Semana Académica de finalista, mas fiquei logo impressionada porque o recinto do Queimódromo do Porto não é em terra batida, tem casas-de-banho mais decentes e há toda uma zona dedicada à restauração (o que dá muito jeito). Aproveitámos para jantar por lá e depois assistimos àquela primeira tentativa de banda que por lá meteram em cartaz. Não ficámos positivamente impressionadas, não.
Depois veio, finalmente, o Van Zee e nota-se que é um miúdo de 22 anos, porque aquela energia toda denuncia a sua juventude. Apesar de já ter ouvido os álbuns dele algumas vezes, a verdade é que ouço pouco e, por isso, só conhecia a fundo duas músicas dele e a Bênção, que ele fez com o Bispo (que apareceu por lá para cantar esta com ele) e o Mizzy Miles. Ainda assim, foi um concerto porreiro, muito enérgico e com o Van Zee a interpelar muitas vezes o público para cantar refrões. Tudo ótimo para criar um bom ambiente para o Slow J.
Estava muito muito muito entusiasmada para o Slow J! Primeiro, porque se tornou facilmente um dos meus artistas preferidos; depois, porque sempre que vejo vídeos de concertos dele nota-se uma boa onda geral, muito foco na música, e queria muito ver isso ao vivo. Obviamente, não saí de lá desiludida. Acho que ele tem uma boa presença de palco e obviamente pensa o concerto com um foco muito específico na banda como um ponto fundamental e não apenas de apoio.
Ora, se correu tudo tão bem como é que eu sinto que já não tenho idade para isto? Em primeiro lugar, porque já não levava com tanta gente a fumar erva desde os Snarky Puppy, lá no ido ano de 2017. Em segundo lugar, porque nem sinto que tenha berrado assim tanto e saí de lá praticamente sem voz. Em terceiro lugar, porque cheguei a casa e tive de beber um cházinho enquanto tirava a maquilhagem, para ver se a minha voz resistia mais um pouco. Em quarto lugar, porque passei a segunda-feira tão mole e tão vazia de energia que parecia que estava com a maior ressaca da vida — não estava.
Claro que me pus logo a pensar que é melhor levar um comprimido para as dores de costas em próximos concertos e fiquei muito em baixo com esta ideia de já não ter a mesma energia e forma de recuperação que tinha há uns anos. É que ainda nem cheguei aos 30 e já estou assim? O futuro avizinha-se duro, muito duro.
Brincadeiras à parte, estou muito contente por ter visto Slow J. O Afro Fado continua a tocar muito no meu Spotify, assim como os álbuns anteriores dele, e valeu totalmente vê-lo num ambiente diferente. Aguardarei a oportunidade de o ver num concerto a solo.
A avó saiu da queima muito feliz, mas a reconsiderar as suas decisões de vida, porque claramente que já não tem saúde para semelhante. Porém, contudo, não obstante… VOLTAVA FÁCIL ahahahahah
Compreendo muitíssimo essa sensação, embora eu já a sinta desde os meus 16 anos >.<