a guerra das papoilas [r.f. kuang]

À medida que a Rebecca F. Kuang foi invadindo o mundo literário a minha curiosidade aumentou, mas a resistência também. Estava curiosa, queria ler e dizia que o faria, mas também tinha a certeza de que demoraria a fazê-lo só porque ela era muito popular naquele momento. Foi como se algo me dissesse que o melhor era esperar porque, em poucos meses, ia haver vários livros dela a chegar às livrarias portuguesas e, por isso, quando decidisse avançar para a obra dela ia ter muito mais opção. E não é que aconteceu mesmo? Com uma trilogia e dois stand-alones, as opções eram muitas e acabei por deixar que fosse o Clube do Livra-te a ditar a primeira escolha: The Poppy War, ou, em português, A Guerra das Papoilas.

A Guerra das Papoilas começa com algo típico das jornadas dos heróis. Temos Rin, uma jovem que não quer casar e, por isso, decide que quer fazer o Keju, um teste para encontrar os mais talentosos do Império. Quando Rin não só passa como é a melhor aluna a surpresa é notória para todos, mas também lhe dá acesso à escola militar de Sinegard — o bilhete para longe da vida de servidão em que vive. Claro que Sinegard não é um mundo perfeito, uma vez que Rin é pobre, do sul, e Sinegard está cheia de alunos ricos, que se prepararam durante toda a vida para estar ali. O normal. É em Sinegard que Rin descobre que tem um poder: a aptidão sobrenatural para o xamanismo. Enquanto Rin descobre que os deuses estão vivos e que dominar os seus poderes significa mais do que sobreviver à escola, o Império Nikara vive numa paz que pode estar ameaçada pela Federação de Mugen. E se Sinegard é uma escola militar, claro que todos ali querem proteger o Império de uma guerra que poderá estar mais perto do que se julga.

Eles estão a chegar, nós vamos ficar e, no fim de tudo, quem estiver vivo é o lado que ganha. A guerra não determina quem está certo. A guerra determina quem sobra.

The Poppy War é o primeiro de três livros, uma espécie de fantasia em ficção histórica. Fantasia é um género que não é comum ler e começar uma saga literária não é também muito comum, pelo que escolhi avançar sem grandes impressões sobre o livro. Sabia apenas que tinha sido o primeiro livro publicado pela autora e que havia uma forte inspiração na guerra sino-japonesa. E parti à descoberta. Admito que o tamanho do livro me deixou um pouco de pé atrás, porque 500 páginas num género que não costumo ler me pareceu algo menos cativante. Felizmente, o tamanho não se traduziu na sensação que tive durante a leitura.

O livro divide-se em três partes e senti que a primeira, que se foca em Sinegard, é mais lenta e as restantes têm mais ação, embora não seja sempre fácil digerir o que está a acontecer. Por ser um livro que se passa maioritariamente em guerra tem passagens muito violentas e acho que foi aí que percebi que é fantasia, mas não é fantasia . É duro de ler como muitas passagens de A Guerra dos Tronos foram para mim, por exemplo. Ainda mais quando pensamos que realmente a base da história está numa guerra real.

Tendo em conta que é um início de trilogia e que foi o primeiro livro da autora, gostei do que li, embora tenha havido alguns pormenores de desenvolvimento e até da introdução de cada parte que senti que não funcionavam tão bem ou que não acrescentavam muito à história — pelo menos à história deste primeiro volume. No futuro, acho que voltarei à trilogia, porque o fim do livro dá vontade de o fazer, mas quero ir primeiro ao Babel e ao Yellowface, que são géneros diferentes e que acredito que me vão encher mais as medidas.

Título original: The Poppy War
Título em português: A Guerra das Papoilas
Autora: R. F. Kuang
Ano: 2018 (PT: 2023)

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