- Gatilhos: doenças crónicas (paralisia cerebral)
- Quando: 4 e 5 de julho de 2024
Aqui há dias virei-me para a Andreia e disse-lhe que achava louvável ela continuar firme no Projeto Ler Djaimilia. Este foi o terceiro livro da Djaimilia Pereira de Almeida que li este ano e juro que não conseguia estar a lê-la todos os meses. Mas já falamos melhor sobre isso. Primeiro deixa-me falar de Ajudar a Cair.
Este livro brinca, à semelhança do último dela que tinha lido, com alguns géneros: é ensaio, é reportagem, é auto-ficção? Talvez seja um pouco de tudo, para ser mais exata. Focando no Centro Nuno Belmar da Costa, em Oeiras, temos acesso a um relato da experiência da Djaimilia a trabalhar com residentes e funcionários desta instituição que lida com pessoas com paralisia cerebral. Ao longo do livro, conhecemos o dia-a-dia da vida no centro, para lá daquilo que muitas vezes se pode associar à paralisia cerebral.
A parte de que mais gostei foi, sem dúvida, a humanidade com que a Djaimilia conseguiu tratar um tema tão sensível. Nunca tinha lido sobre o tema e fiquei impressionada com a facilidade com que ela conseguiu retratar várias experiências e vivências de uma maneira tão honesta.
No entanto… já o tinha dito quando escrevi sobre Retratos de Isolamento, acho que é preciso uma certa disponibilidade para entrar na escrita da autora e isso deve-se muito à falta de orientação ou de um fio condutor linear destes livros, algo que também se nota em Ajudar a Cair. Com estes livros da Fundação Francisco Manuel dos Santos tenho-me questionado em relação a algo que tinha pensado durante a leitura de Luanda, Lisboa, Paraíso: acho que a Djaimilia não é uma autora para toda a gente e é aceitável que assim seja. Mas também é por isto que acho louvável que se consiga ler tantos livros dela de seguida. Sei que não conseguiria porque acho que se torna um pouco cansativo lê-la, principalmente nestas narrativas que sinto que se perdem e se tornam confusas.
Felizmente é um livro curto e o interesse em conhecer algo sobre esta experiência em particular acabam por abafar um pouco da sensação de falta de rumo.
Imagina não estar firme num desafio que fui eu a criar, algo de errado não estava certo 😂😂😂
Brincadeira à parte, entendo bem o que queres dizer. Os livros da Fundação, até agora, também foram os que me custaram mais a ler, ainda que sejam pequenos, porque acabamos por não ter bem um fio condutor. E embora adore isso, por exemplo, num livro de crónicas, nestes já me custa um pouco mais. As temáticas até são interessantes, mas depois não nos conseguimos relacionar em pleno.
Depois hei-de refletir mais a fundo sobre esta experiência (penso eu ahahah), mas acho que a Djaimilia brilha mais no romance, em histórias como “Luanda, Lisboa, Paraíso” – ou, pelo menos, consigo relacionar-me mais com ela nesse registo.