- Gatilhos: racismo e discriminação; colonialismo
- Quando: 1 a 20 de junho de 2024
Tinha alguma curiosidade com a escrita da Carla M. Soares, mas só no meu aniversário do ano passado me decidi a escolher um livro dela para ler. Optei pelo mais recente, do qual tinha mais feedback, e escolhi o mês de junho para finalmente lhe pegar. Gente Feita de Terra é um drama familiar muito português. Neste livro temos a perspetiva de duas mulheres desde a década de 1960 até ao início deste século.
De um lado temos uma mulher que deixa o Alentejo para ir para Angola atrás do amor. Numa Angola colonizada, ela nunca consegue sentir-se em casa. Do outro lado temos a sua filha, décadas depois, recém-viúva. Mais do que o cenário da colonização e da posterior guerra, o livro traça uma visão de como essa guerra teve um impacto profundo nos seus países, mas também nas suas famílias — esta em particular.
O meu pai foi um refugiado, durante uns tempos. E nós para sempre retornados.
Gente Feita de Terra consegue ser mais do que uma ficção histórica ou um drama familiar normal porque introduz o trauma geracional de uma maneira com que, provavelmente, muitos se vão identificar: as coisas que ficam por dizer e que obrigam a tentar perceber quem somos sem termos todas as peças do puzzle que nos formou.
Ainda assim, foi um livro de que queria ter gostado mais. Senti-me sempre muito afastada da narrativa e da escrita, algo talvez motivado pelo início da história. No entanto, não posso dizer que não gostei do livro, só não consegui criar ligação com ele e sinto que não será daqueles livros em que vou pensar recorrentemente. Mas vale a pena para quem gostar de ficção histórica e tiver interesse em saber mais sobre um período histórico particularmente relevante para a história do nosso país.
É uma autora que ainda não me conquistou, no início do ano li “Limões na Madrugada” e também senti uma narrativa muito distante, passaram poucos meses e o livro já quase não me diz nada. Nao sei se não iria gostar mais dos romances históricos que a autora publicou previamente
Pois, percebo! Talvez num livro novo lhe tente dar outra oportunidade, mas neste senti-me mesmo afastada…