taylor swift: the eras tour munich n1

What if I told I’m back? Acho que este é um dos textos mais entusiasmantes que vou escrever… desde que escrevi sobre a The Eras Tour em Lisboa. Se ver a Taylor ao vivo em Lisboa já foi todo um acontecimento, o que dizer de ir a outra cidade europeia vê-la? Falarei de Munique noutra ocasião. Para já quero mesmo falar-te desta experiência única, à semelhança do que fiz em Lisboa. Vamos a isto?

Pré-Eras Tour

Tal como contei antes, o processo de poder ir à The Eras Tour começou ainda antes de se saber que ia haver Eras Tour. Os rumores de uma tour começaram em agosto de 2022, quando a Taylor anunciou o Midnights, e eu decidi começar a juntar dinheiro porque tinha noção de que os bilhetes seriam mais caros e mais difíceis de conseguir do que tinham sido em 2019, quando foi anunciado que ela viria ao NOS Alive de 202.

Se é um pouco especulativo juntar dinheiro para algo antes de se saber se vai acontecer, quando vai acontecer, em que valores e se Portugal está incluído? Talvez, mas só assim foi possível pensar na possibilidade de concertos no estrangeiro.

Conseguir bilhetes

A Eras Tour funcionou com um sistema de registo para obter um código e, assim, tentar comprar bilhetes. Foi algo novo e chato. Inscrevi-me com dois e-mails (o meu e o da minha mãe) para Lisboa, Madrid e Edimburgo. Não consegui código para nenhum na altura. Do meu grupo, só uma pessoa conseguiu código para Lisboa, portanto teve de ser ele o salvador da pátria. No entanto, a Inn conseguiu código para Munique e perguntou-me se eu estava interessada e não hesitei em dizer que sim.

Se para comprar bilhetes em Lisboa foi uma guerra, os de Munique foram um paraíso. Uns dez minutos depois de a venda começar já a Inn tinha assegurado bilhetes e eu estava a lacrimejar porque pelo menos ia ver a Taylor uma vez.

Para Munique ficámos na bancada, do lado esquerdo do palco, algo que me permitiria ter uma perspetiva completamente para o concerto. E foi assim que a meio de julho de 2023 eu comecei a sonhar com o final de julho de 2024.

O outfit

Quando percebi que teria dois outfits para explorar ponderei muito bem aquilo por que tipo de abordagem queria optar. Como já estávamos com a Eras a decorrer nos Estados Unidos eu soube, desde o primeiro momento, qual seria a era que queria no meu outfit. Acho que se pode ir com uma roupa normal, mas, com tantos meses entre comprar bilhetes e ter o concerto, há um efeito de antecipação muito interessante da Eras Tour: assistir a lives, ver as surprise songs, escolher outfits, fazer pulseiras da amizade…

Para a minha primeira vez a ver a Taylor queria ir vestida da era que mais me marcou e que tem um dos álbuns da minha vida: 1989. Podia ter escolhido a era que me tornou fã, mas o 1989 tem uma história mais impactante na minha vida e também foi por lá que decidi fazer a minha primeira tatuagem portanto comecei a procurar ideias e roupas durante o verão. Em setembro tinha todo o outfit em casa: top preto, saia azul, casaco cinzento, tudo a lembrar a 1989 World Tour.

Sabia que não queria repetir o outfit em Munique, mas também não queria comprar um outfit totalmente novo. Ponderei comprar um vestido Fearless, mas não adorava totalmente nenhum e queria estar confortável por isso escolhi manter o top preto e usar skorts pretos para poder ter ali umas vibes de reputation. Simples, leve e confortável.

Logísticas de deslocação e alojamento

Beeeeeem, vou deixar que a Inês conte a saga que viveu, mas nós tínhamos uma reserva de hotel feita no início do ano. O resto é a história da Inn.

Quanto a deslocação, obviamente a viagem foi de avião. Comprei a viagem muito em cima da hora (por vários motivos) e, por isso, os bilhetes não foram tão baratos quanto teriam sido se os tivesse comprado há meses. No entanto, como comecei um trabalho novo duas semanas antes, foi bom não o ter comprado bilhetes com antecedência porque teria comprado para sexta-feira e ia ter ali um problema para resolver.

A nível de voos, do Porto para Munique há dois voos por dia (o mesmo para o regresso). No caso da ida, ambos são de manhã, por isso optei pelo primeiro, às 6h15. No regresso vim no último, às 21h20. Ambos operados pela Lufthansa.

Foi a minha primeira vez a andar sozinha de avião e a ter mais cuidados de logística de viagem, mas correu tudo bem e achei tranquilo todo o processo. Check-in online, passagem rápida pela segurança, espera tranquila. Para Munique consegui lugar à janela, sem ninguém imediatamente ao lado. Dormi uma hora e tal. Para cá foi mais chato porque o meu lugar era do lado do corredor e, apesar de não ter ninguém no lugar do meio, o simples facto de ir no corredor impedia-me de conseguir encontrar uma posição confortável para dormir — e eu queria muito dormir!

Taylor Swift the eras tour munich

Afinal Lisboa teve uma boa organização (e quase faleci na fila, pronto)

Vantagem de ficar em bancada: lugares marcados. Fomos de metro para o Olympic Park e depois entrámos no caos. Chegámos bem perto das 17h15, hora a que abriam as portas. Problemas: havia lugares marcados para filas de bilhetes VIP, que tinham entrado antes, mas não havia qualquer indicação sobre o resto das entradas.

Acabámos por encontrar uma fila gigante na qual estivemos mais de uma hora sem nos mexermos. Estávamos à sombra, mas estava um calor descomunal. A certo ponto achei que ia cair para o lado e foi aí o momento em que senti que os alemães sabem ser solidários porque, não sei bem como, chegaram duas garrafas de água, eletrólitos, chocolate e até uma ventoinha portátil. Foi um momento bonito este de ser salva por swifties.

Não tão bonito foi ver a organização (ou falta dela). Quando a fila finalmente começou a andar os Paramore já estavam a tocar. Em Munique todos os bilhetes estavam na mesma fila. Depois havia revista, detetor de metais e mostrar bilhetes para, por fim, cada um se dirigir ao local onde seria a sua porta de entrada. Uma confusão. Só vimos duas músicas dos Paramore e ainda faltava entrar tanta gente.

Milhares de pessoas numa colina e um público fechado.

É absurdo, eu sei. Por que raio iriam 40 e tal mil pessoas para uma colina, ao sol, num dia de calor, para ouvir um concerto que está a acontecer num estádio para o qual não têm visão? Um dia, haverá teses de mestrado e de doutoramento sobre isto. Do Marketing aos Estudos Culturais, todos tentarão explicar como a Taylor foi a maior do seu tempo. Para já foi só absurdo — mas também foi muito bonito ver a colina iluminada.

Já no concerto senti que o público demorou a descontrair e a conseguir mostrar-se caloroso. Acredito que possa ser algo cultural, no entanto dá aquela sensação de que é público mais difícil de conquistar, mas que, estando conquistado, se entrega completamente ao espírito.

Como contei, só vi duas músicas dos Paramore, por isso não lhes vou dedicar muitas linhas, ao contrário do que fiz em Lisboa. Teria gostado de ver o concerto todo, porque acho que funciona muito bem como aquecimento para o resto da noite. É esperar que eles façam uma tour a solo.

The Eras Tour: uma experiência completamente diferente em cada concerto

Aquilo por que estava mais ansiosa para a The Eras Tour em Munique (além de ir a Munique) era ter uma nova perspetiva perante o espetáculo. Estar no front stage foi muito bom, deu para ter a Taylor pertíssimo em vários momentos, deu para dançar e saltar à vontade, mas num palco enorme como aquele há muita coisa que se perde e muitos momentos em que temos de olhar mais para o ecrã do que para o resto. Não trocava essa experiência por nada, mas queria muito descobrir que segredos guardaria outra visão para o palco.

O palco da The Eras Tour é um ecrã também e interage muito com os restantes elementos do concerto. Nota-se que este espetáculo foi pensado para proporcionar experiências diferentes e marcantes em qualquer um dos ângulos em que fosse visto, sem deixar nada ao acaso.

Algo que também é diferente na experiência de bancada é a possibilidade de sentar para descansar entre eras ou durante as músicas surpresa. Acredita, a idade pesa e uma pessoa às vezes precisa de uma pausa.

Sinto que tive uma experiência de concerto totalmente diferente, ainda mais do que esperava inicialmente, e estou mesmo muito agradecida por isso. Vamos a isto, one era at a time?

Lover

Sente-se mesmo uma energia diferente quando Cruel Summer começa, mas não achei tão marcante quanto em Lisboa. Aqui, o meu momento preferido acabou por ser Lover, em que os fãs alemães se organizaram e tinham corações de papel para colocar no ar durante esta música. Foi muito bonito.

Fearless

A era Fearless é uma das minhas favoritas e é muito especial para mim — e acho que se nota que é especial para o resto do público também. Foi um ato em que notei o público a ficar mais entusiasmado e diverti-me muito a cantar e sentir as bancadas começar a abanar.

Red

Esta era tem dois dos momentos mais icónicos da The Eras Tour: o momento de entregar o chapéu de 22 e a All Too Well. São momentos incontornáveis, não há volta a dar.

Speak Now

Já tinha amado a introdução com as bailarinas, mas quando vi que o ecrã do palco se enche de flores… que bonito! Já disse que a Enchanted não seria a minha escolha para representar a era Speak Now, mas o espetáculo visual é mesmo muito bonito e vale a pena.

Reputation

É inegável: todos os públicos adoram esta era e sente-se logo uma energia totalmente diferente assim que …Ready for it? começa a tocar. Daqui descobri novos efeitos visuais do palco, que nem sabia que existiam, e reforcei a minha certeza de que reputation (Taylor’s Version) vai bater recordes… mas talvez seja preciso fazer alguma gestão de expectativas.

Folklore/Evermore

Foi a grande mudança da setlist pré-TTPD e acho que resulta muito bem em conjunto, uma vez que não quebra tanto o ritmo do espetáculo. A ovação de champagne problems é um ponto alto, mas aquele que me fez chorar que nem um bebé foi marjorie — não consigo não chorar com esta música, ainda por cima quando se via o estádio todo iluminado e a colina cheia de fãs também.

Outro momento bonito foi em willow, com os fãs a iluminaram balões amarelos. O estádio ficou tão bonito! Foi mesmo especial.

1989

It’s my era and I’ll scream if I want to.

Embora a setlist de 1989 não inclua os meus favoritos, à exceção de Wildest Dreams, foi outro ponto alto do concerto. O estádio abanou durante Shake it Off, Bad Blood não teve todo o fogo habitual e 1989 voltou nas músicas surpresas — fiquei muito feliz.

Esta era tem muitos efeitos visuais do palco e adorei poder ver tudo isso e dançar à vontade.

The Tortured Poets Department

Vou arriscar dizer que é o meu ato preferido desta versão europeia da Eras e queria muito ver o que mais acontece em palco. Os momentos altos são Who’s Afraid Of Little Old Me e a bridge de The Smallest Man Who Ever Lived, que parece estar a ter o devido reconhecimento um pouco por toda a Europa. Berrou-se muito, sim.

Músicas Surpresa

Admito: quando a Taylor começou a tocar Fresh Out The Slammer quase revirei os olhos e reclamei. Tinha-a ouvido em Lisboa e não tinha assim tanta vontade de a ouvir novamente. Felizmente, o mashup foi com You Are In Love e fiquei muito feliz por ter mais 1989 no concerto, ainda por cima numa música que adoro do fundo do coração.

Já ao piano, sei que não é uma música popular, mas eu gosto muito de ivy, por isso já estava contente com essa escolha, mas quando a juntou a Call It What You Want… achei que ia chorar (não chorei). É a minha preferida do reputation e é uma música que me diz muito neste momento. Fiquei mesmo muito feliz com as músicas que me calharam.

Midnights

Se em Lisboa disse que Mastermind perdia um bocadinho no lugar onde estava, em Munique vi todo o cenário e fiquei muito contente. É mesmo uma daquelas performances que ganha muito com o palco. Aqui gostei também de Anti-Hero, acho que o público estava com a anergia certa, e ver Karma num todo, com o fogo de artifício, foi muito bom.

Quando escrevi sobre Lisboa disse que achava que cada concerto seria uma experiência diferente e confirmo: é mesmo. O lugar permitiu outro ponto de vista, a companhia foi diferente e a sensação final também. Não houve tanta partilha de pulseiras, apanhámos uma molha no final, mas é mesmo um tipo de concerto diferente, onde parece que todos podemos ser quem quisermos, podemos estar à vontade e sentimos que estamos num espaço seguro.

Tal como disse em Lisboa, toda a produção é impressionante ao vivo e vale mesmo muito a pena. Sinto-me mesmo muito sortuda por ter visto o espetáculo duas vezes e em ambas ter sentido que foi a melhor coisa do mundo. Sinto-me mesmo feliz, privilegiada e sortuda por ter assistido duas vezes à The Eras Tour, por ter visto duas perspetivas diferentes, por poder guardar tantas memórias deste espetáculo. Obrigada, Tay!

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