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Foram vários anos a dizer a ver se leio ou tenho mesmo de ler o Torto Arado. O livro tinha vencido o Prémio Leya em 2018 e, quando foi publicado no ano seguinte, gerou alguma curiosidade, mas não a suficiente para arriscar no romance do brasileiro Itamar Vieira Júnior. As críticas eram tão díspares que não sabia o que esperar e, por isso, não sentia qualquer urgência em ler esta história. Entretanto a Joana escolheu-o como livro do mês de agosto no Clube do Livra-te e, aproveitando a subscrição Kobo Plus, lá me deixei de a ver se leio e parti mesmo para a leitura.

Torto Arado conta a história de Bibiana e Belonísia, duas irmãs marcadas por um acidente de infância, que vivem numa fazenda, numa espécie de situação de escravidão moderna. A história divide-se em três partes, cada uma narrada por uma personagem diferente. Começamos por perceber que acidente de infância é este que vai marcar e unir as irmãs tão precocemente, mas a narrativa vai evoluindo assim como a relação entre elas. A história tem uma forte componente espiritual e religiosa, algo que acaba por levar a um certo nível de realismo mágico.

Um dos pontos de que mais gostei foi a diferença entre as irmãs: Bibiana quer estudar e ter uma profissão e Belonísia dedica-se à fazenda e a ser dona de casa. Estas duas perspetivas vêm cheias de pensamentos e ideias sobre fome, seca, relações de poder, escravidão e até feminismo e igualdade de oportunidades.

No entanto… sinto que não gostei assim tanto do livro. A leitura até se desenrola facilmente e a escrita é bonita e acessível, mas acabou por não me marcar de alguma forma. Gostei parcialmente e reconheço que há aqui uma crítica social interessante, ainda mais quando se junta a isso uma religião (semelhante ao candomblé) que dá uma uma componente espiritual à história, mas acho que não perdi nada em não ter lido antes. Há livros assim…