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Verão. A estação do ano que parece ser a mais aguardada. A estação do sol, do calor, das férias. A estação dos dias ainda longos, das noites quentes, da pele a cheirar a sal e protetor solar. A estação das festas, dos reencontros de familiares, das roupas leves. Normalmente parece passar rápido, mas este Verão foi muito quente e muito difícil de ultrapassar. Eis-nos na última estação do quarteto da Ali Smith.

Verão leva-nos até ao ano difícil de 2020. Conhecemos Sasha, uma miúda de 16 anos ligada ao Twitter, rede social a partir da qual assiste a tudo o que está a acontecer no mundo naquele momento: aviolência racial, a ameaça de uma pandemia, os fogos florestais, o radicalismo e as mentiras dos políticos. Além do que acontece no mundo lá fora, dentro de casa as coisas também não estão fáceis na vida de Sasha. Há o irmão, Robert, que vive num tédio permanente, a mãe, Grace, incapaz de encontrar plena satisfação na sua vida atual, preferindo a memória distante dos seus tempos de atriz; na casa do lado vive o pai, que, influenciado por Ashley, a nova mulher, mudou. A vida parece existir em permanente estado de transição, tal como o próprio verão parece ser.

Verão foi… difícil de ultrapassar. Gostava de ter algum consenso neste quarteto, mas não tenho. Verão não me conquistou como Primavera , mas também achei dolorosamente longo como Inverno . A proximidade com a atualidade agradou-me muito, mas acho mesmo que a escrita da Ali Smith, pelo menos neste quarteto, é complexa ao ponto de dificultar a entrada nas histórias. É difícil habituarmo-nos àquela forma de contar histórias, aquela forma de escrever.

Acho que o quarteto não é muito fácil de ler porque, embora os livros possam ser lidos de forma independente, se quiseres ler todos há uma grande diversidade de ritmos em cada livro. No caso do Verão confesso que o esperava mais frenético e até um pouco nostálgico, lá mais para o fim, mas foi o livro em que menos senti a estação do ano enquanto o lia.

Despeço-me do quarteto das estações do ano sem saber defini-lo no geral. Acho que Primavera foi o meu livro preferido e definitivamente Inverno foi aquele de que menos gostei. Existe ainda um quinto livro, Companion Piece, que junta os quatro universos, mas para já não seguirei para lá.