E eis-nos chegados ao centésimo livro do ano e, inesperadamente, o segundo do Bruno Nogueira. Depois de Aqui Dentro Faz Muito Barulho, o fim do ano trouxe novo livro de crónicas e aproveitei uma altura entre leituras para o ler. Tal como contei no outro livro, não acompanho regularmente o trabalho do Bruno Nogueira, embora até goste da forma como ele escreve — o que me motivou a ler o novo livro.
Neste novo conjunto de crónicas, as temáticas parecem levar-nos ainda mais para a nostalgia da vida. Não foi por acaso que o Bruno Nogueira já disse, noutra altura, que escreve mais crónicas tristes do que alegres ou, no limite, mais melancólicas do que alegres. Ainda assim tenho de dizer que a melancolia assenta muito bem à escrita do Bruno.
Uma pessoa pode dar as voltas que quiser, andar de cima a baixo, correr para os lados, pode até seguir desembestado na diagonal, mas nunca vai encontrar o Porto em mais lado nenhum. O Porto é no Porto e com sorte é um bocadinho onde quem é do Porto estiver de passagem.
Dores Crónicas parece que me irá marcar mais do que Aqui Dentro Faz Muito Barulho, talvez porque textos tristes são sempre tão apelativos. Nesta seleção de crónicas, destaco quatro: “Ler de Livre e Espontânea Vontade”, “As Velocidades do Tempo”, “Vantagem Minha” e uma das minhas preferidas de sempre: “O Porto é um País”.
Quando leio estas crónicas do Bruno não penso nele como humorista e acho que é essa a maneira certa de ver as coisas: este é o Bruno cronista, que não tem medo de navegar na melancolia certeira da vida que vai ficando mais curta.
Título original: Dores Crónicas
Autor: Bruno Nogueira
Ano: 2024
Lido entre: 18 e 22 de dezembro de 2024