perguntem a sarah gross [joão pinto coelho]

Depois de Mãe, Doce Mar me conquistar aguardava com muita expectativa o reencontro com a escrita de João Pinto Coelho. Sabia que ainda aconteceria este ano, porque era o autor escolhido pela Andreia para o Alma Lusitana de dezembro, pelo que foi só aguardar calmamente pelo fim do ano e escolher o livro que se seguiria — na verdade, aquele que mais queria ler: Perguntem a Sarah Gross.

Este romance histórico leva-nos até St. Oswald’s, o colégio interno da elite americana para onde Kimberly Parker decide ir trabalhar como professora de Literatura. St. Oswald’s é longe o suficiente para Kimberly tentar fugir do passado e é lá que conhece Sarah Gross, a responsável pelo colégio. Enquanto vamos acompanhando a integração de Kimberly, a história leva-nos até à Polónia no fim dos anos 20, início dos anos 30, com a tensão a crescer na Alemanha e os judeus de Oshpitzin longe de imaginar que, um dia, aquele lugar se iria chamar Auschwitz e seria um dos principais pontos de trauma do seu povo.

Acho que só se sobrevive aos campos na hora em que se morre. O verdadeiro problema está nos dias que ainda têm de ser vividos.

Não precisava de confirmação de que a escrita do João Pinto Coelho é fenomenal, mas, de facto, é fenomenal. A forma como nos cativa e nos descreve lugares ou acontecimentos de uma maneira tão envolvente, as personagens carismáticas e complexas… senti-me completamente à vontade quer estivesse nos Estados Unidos ou na Polónia, com a familiaridade transmitida pelas descrições.

Perguntem a Sarah Gross deixou-me sempre com vontade de regressar, de tentar desvendar a misteriosa Sarah Gross. Apesar de haver um momento de reviravolta, aquilo que me cativou foi a sensação de me estarem a contar a história desta personagem e as histórias de vida muitas vezes são as melhores que nos podem contar. Além disso, não senti que estava a ler mais um livro sobre a II Guerra; senti, sim, que precisava de mais este livro, que não desrespeita ou invalida as outras histórias que já ouvimos, mas que, ainda assim, consegue fazer-nos sentir que, de facto, cada pessoa ali teria uma história única que merecia ser contada. Voltarei ao João Pinto Coelho em breve.

Título original: Perguntem a Sarah Gross
Autor: João Pinto Coelho
Ano: 2015
Lido entre: 11 e 14 de dezembro de 2024
Gatilhos: guerra, violação

perguntem a sarah gross João pinto coelho

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