O fenómeno Lourenço Seruya passou-me um pouco ao lado durante os dois primeiros livros desta saga, no entanto acabei por lhe prestar atenção quando saiu o terceiro volume e decidi que, um dia, iria arriscar, embora não fosse prioridade. Como não há uma ordem certa, pensei realmente ler o Crime Na Quinta das Lágrimas primeiro, mas depois ocorreu-me: e se gostar? Não é mais entusiasmante ler por ordem de publicação e acompanhar a evolução?
Quando começámos a estruturar o nosso desafio de 5 autores para 2025, acho que o Lourenço Seruya não era uma escolha óbvia nem para mim nem para a Andreia. Ela tinha lido A Mão Que Mata há uns dias, eu planeava ler em janeiro. Acabámos por concordar que era uma opção interessante e, por isso, comprometi-me a lê-lo realmente em janeiro enquanto equilibrávamos os livros que uma ou outra já tinham lido.
A Mão Que Mata é, então, o primeiro policial do Lourenço e passa-se num dos lugares com mais aura de mistério do país: Sintra. É aqui que a família Ávila se junta para formalizar as partilhas depois da morte do pai. No entanto, quando acordam, encontram um cadáver na sala. Para investigar o caso, o inspetor Bruno Saraiva e a sua equipa têm de tentar perceber se a vítima foi morta na sequência de um assalto ou se alguém da família a terá matado. A investigação já está complicada o suficiente quando um novo cadáver surge na mansão dos Ávila, dando a Bruno a certeza de que o assassino tem de estar na família.
Sendo um primeiro livro, ainda por cima num género tão peculiar como o policial, achei que é uma boa introdução à escrita do Lourenço e à saga. A construção da forma como se desvenda o assassino funciona bem e, como há várias pistas ao longo da história, quase incentiva o leitora a tentar descobrir por si quem será o responsável.
Há algumas fragilidades, principalmente na construção de algumas cenas extra-investigação, e a revisão do texto deixa muito a desejar, no entanto são fragilidades ultrapassáveis e que não fazem perder a vontade de ler os livros seguintes — e ainda bem, porque seria tenso estragar o desafio logo no início.
Conto que haja uma evolução nos próximos, claro, mas estou particularmente interessada em perceber como é que o Lourenço vai trabalhar as personagens no futuro, porque acho que isso também irá ter impacto na resolução de algumas cenas menos conseguidas.
Título original: A Mão Que Mata
Autor: Lourenço Seruya
Ano: 2021
Lido entre: 4 e 5 de janeiro de 2025