Quando conheci o Bispo no dueto com a Bárbara Tinoco, em 2023, não contava que, um ano depois, ele participasse numa música que ia acabar por se tornar uma das minhas músicas preferidas de sempre. A Bênção, feita em parceria com o Mizzy Miles e o Van Zee, fez-me explorar a discografia do rapper e ainda bem que o fez. Por um lado, o último álbum, Mais Antigo, de 2020, conquistou-me de imediato. Por outro lado, os singles e parcerias que tem feito têm-me mostrado que é um artista do qual gosto bastante. Obviamente não podia perder uma vinda ao Coliseu do Porto.
Praticamente duas horas e meia de espetáculo fizeram-me ter a certeza de que, cada vez mais, a música portuguesa tem sido um dos melhores escapes criativos para mim. O Bispo deu um concerto cheio de interação, emoção (pode ou não ter havido um rio de lágrimas no discurso pós-Aviola II), gargalhadas e muito ritmo. Trouxe ao Porto o Diogo Piçarra, o Kappa Jota, o Julinho Ksd e, claro, o Van Zee e o Mizzy Miles. Fez dançar muito e deu-me a certeza de que estes rappers são uns amorzinhos, sempre emocionados com o mundo, sempre prontos a emocionarem-nos.


Com os rappers portugueses a tornarem-se cada vez mais populares, tem sido interessante ver aquilo que vão fazendo: o Slow J a encher o Meo Arena, o Plutonio a encher o Meo Arena, o Dillaz a encher os Coliseus num ano e o Campo Pequeno no outro… curiosamente o Plutonio e o Dillaz deram estes concertos grandes em Lisboa há poucos dias e houve algo que me fez confusão naquilo que ia vendo no TikTok. Os fãs a reclamarem músicas, a exigirem coisas que não têm direito a exigir. Ao sair do Coliseu do Porto só pensei para o Bispo: excelente concerto, excelente energia, fui completamente abençoada porque ouvi todas as minhas músicas preferidas dele. Mas podia não ter ouvido e não senti, em momento nenhum, que tenha ficado a dever algo aos fãs.
À medida que o rap português se vai tornando mais comercial ou, talvez, mais universal, aquilo que mais tenho gostado de ver é estes artistas jovens mostrar aquilo que sabem fazer tão bem. Cenários pensados, intervenções engraçadas ou emocionadas. A certeza de que a música portuguesa está de boa saúde e recomenda-se. Cada vez mais.
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