daylight

Limpa era um daqueles livros para o qual olhava sempre que me cruzava com ele numa livraria. O contraste do fundo cinzento com a farda vermelha chamava a atenção e lembrava-me de que o livro estava na minha lista infinita de livros que queria ler. Entretanto a Rita escolheu-o como livro de fevereiro no Clube do Livra-te e, com a chegada da Biblioled às Bibliotecas da Área Metropolitana do Porto, Limpa deixou a lista infinita de livros que quero ler para se juntar à lista de livros lidos.

Limpa é narrado por Estela García, que arranja trabalho como criada de uma família rica, tornando-se também ama de Júlia, a filha do casal. Estela vai-nos narrando os anos de crescimento de Júlia, embora comece logo por alertar os leitores de que a menina morreu. Sabendo o final, Estela vai-nos guiando neste nesta história, mostrando-nos a dinâmica familiar, o trabalho doméstico e, claro, a grande diferença de classes que é impossível não notar.

Enquanto narradora, Estela fala diretamente com o leitor, chegando a perguntar se ainda estamos deste lado, algo que, por um lado, torna a narrativa mais dinâmica, mas que, por outro lado, acaba por cansar. Gostei do facto de a Estela não ser uma narradora confiável, porque nos torna um pouco mais atentos aos pormenores que nos conta, mas acabei por sentir que a concretização não resultou e que falta qualquer coisa ao livro.

Como ponto positivo não posso deixar de destacar a construção da narrativa de luta de classes, com observações interessantes, que acabam por atenuar algumas das falhas do livro. Apesar de não ser um livro propriamente marcante, fiquei curiosa para ler o outro livro da Alia Trabucco Zerán publicado em Portugal, A Subtração.