Há umas semanas, um dos episódios do Livra-te foi sobre livros que caíram no esquecimentos. Gostei do exercício de pensar em livros que caíram no esquecimento e guardei o tema para aproveitar no futuro, sem saber bem quando ou com que propósito. Pareceu-me o tema ideal para assinalar o Dia do Livro Português, que se comemora hoje, dia 26 de março. Escolhi três livros que considero esquecidos ou, pelo menos, que mereciam mais destaque, com géneros diversos.
Crónicas de Guerra, de José Rodrigues dos Santos
Sei que, enquanto escritor, se fala mais do José Rodrigues dos Santos na ficção e, nesse tema, as opiniões por vezes divergem. No entanto acho que estamos a perder muito por não falarmos dos livros de não-ficção dele. Na verdade, esta é uma recomendação 3 em 1, mas Crónicas de Guerra (com os volumes I e II) e A Verdade da Guerra são relatos, em crónica jornalística, de uma importância para a história de final de século XX e início de século XXI. É uma pena que não pareçam ter o reconhecimento que mereciam.
Myra, de Maria Velho da Costa
Foi um dos meus livros favoritos de 2022 e é um daqueles livros em que gostava de notar mais reconhecimento. É um livro duro, com uma escrita sem paninhos quentes, em que vamos recebendo pequenos murros no estômago até acabarmos completamente destruídos. Acho que está na altura de o país ir, em conjunto, redescobrir a Maria Velho da Costa.
Paixão, de Maria Teresa Horta
E já que estamos em Marias, vamos à outra Maria: Maria Teresa Horta. Felizmente, é uma figura querida da literatura portuguesa. Infelizmente, sinto que, tanto nela como na Maria Velho da Costa, ainda a prendem muito às Novas Cartas Portuguesas e é preciso começar a mostrar mais delas. Pronto, tenho pouca legitimidade para isto, porque só li estes livros das autoras, mas continuo a achar que devíamos dar-lhes mais valor e mostrá-las mais. Uns quantos poemas de Paixãofariam mais pelos adolescentes do que muita poesia que se estuda na escola. Pensem nisso.
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