Já me tinha cruzado com O Caderno Proibido algumas vezes antes de a Rita o escolher para livro do mês no Clube do Livra-te de março, pelo que achei que era uma boa altura para finalmente o trazer para casa. Publicado originalmente em 1952, acho que nunca foi tão necessário um livro destes na atualidade.
O Caderno Proibido passa-se em Roma, na década de 1950. Valeria cai comprar cigarros para o marido e compra também um caderno, que guarda como o seu maior segredo. Neste caderno, Valeria começa a escrever um diário onde descreve os seus dias e onde se permite pensar sobre o mundo que a rodeia. Num pós-guerra conturbado, Valeria é uma mãe exausta, uma mulher do seu tempo, que até tem o seu próprio trabalho, mas que vive presa na sociedade onde as mulheres não podem chegar a certos lugares.
Na verdade, sempre pertenci a ele, aos miúdos; agora, pelo contrário, por vezes parece-me estar ligada a todos e não pertencer a ninguém. Parece-me que uma mulher tem sempre de pertencer a alguém para ser feliz.
Gostei muito deste livro! Uma escolha totalmente de acordo com o mês — ainda melhor a terminá-lo no dia da mulher. Admito que, ao longo da leitura, me esqueci de que era um livro de 1950. Parecia-me tão atual. Mulheres exaustas por terem um trabalho normal e chegarem a casa e ainda terem de trabalhar, ser mães, ser mulheres? Soa-me muito a século XXI também. Acho que O Caderno Proibido nos dá excelentes reflexões sobre ser mulher, muitas delas (todas?) ainda tão atuais, sobre os vários papéis da mulher na sociedade.
Na verdade, o livro está cheio de reflexões sobre o papel da mulher — enquanto mãe, amiga, profissional, dona de casa, esposa —, sobre a necessidade de espaço, de descanso, de privacidade. O Caderno Proibido disse-me muito enquanto mulher ao ponto de ter logo dito à minha mãe para o ler também. Ainda bem que o livro foi redescoberto. Precisávamos deste lembrete.
Título original: Quaderno proibito
Título em português: O Caderno Proibido
Autora: Alba de Céspedes
Ano: 1952 (PT: 2024)
Lido entre 6 e 8 de março de 2025
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