No nosso desafio de autores para 2025 o João Pinto Coelho foi uma escolha quase óbvia. Depois de Mãe, Doce Mar e Perguntem a Sarah Gross, dois livros que adorei, tinha muita curiosidade em descobrir os outros dois livros do autor e, percebendo que era uma curiosidade partilhada, pareceu-nos uma escolha segura. Calhou-nos na sorte ler primeiro Os Loucos da Rua Mazur, segundo livro do João e Prémio Leya em 2017.
Os Loucos da Rua Mazur começa em Paris, em 2001. Yankel, um livreiro cego, recebe a visita de Eryk, amigo de infância. Não se encontram desde a ocupação alemã na cidade polaca onde cresceram e onde lutavam por Shionka. Eryk tornou-se um escritor famoso e, como está doente, não quer morrer sem antes escrever o livro que acredita que o irá redimir e, por isso, precisa da memória de Yankel. Acompanhados por Vivienne, a editora de Eryk, vem ao de cima a história da cidade ocupada por soviéticos e alemães, onde o ódio ganhou força de tal forma que foi impossível recuperar.
Percebi de início que Os Loucos da Rua Mazur não me ia agarrar como os anteriores tinham feito. A estrutura da narrativa, a própria escrita e o acontecimento central não o tornam um livro tão fácil de ler, exigindo se calhar uma maior disponibilidade mental para uma história tão negra. No entanto posso garantir que o único autor que nunca me cansa em relatos de Segunda Guerra Mundial é o João Pinto Coelho. Os ângulos que tem explorado são diferentes daqueles que já todos conhecemos e, por isso, acaba por trazer sempre alguma história que não soa parecida a nenhuma das outras que já possamos ter lido sobre este período. Voltamos ao João Pinto Coelho no final do ano.
Título original: Os Loucos da Rua Mazur
Autor: João Pinto Coelho
Ano: 2017
Lido entre 12 e 21 de abril de 2025
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