Posso dizer muitas vezes que só ando a escrever sobre livros, mas acredita que, ainda assim, deixo sempre uma ou outra leitura de lado, normalmente porque não sinto que tenha assim tanto a dizer. Sempre que isso acontece acabo por juntar estas leituras para depois fazer uma espécie de aglomerado de reviews rápidas. Com o ano a meio, achei que esta era uma boa altura para juntar estes livros sobre os quais não escrevi — nem acho que queira escrever muito.

O Que Escondemos na Luz, da Lara Félix

Não funcionou para mim. Sinto que o potencial para uma história consistente e importante se ficou apenas pelo potencial. Parece que não foi revisto nem editado, tem muitas falhas de narrativa e seguiu a parte mais simples e básica que podia ter usado na construção da história.

Fundamentos de Marketing, de Bruno Ferreira, Humberto Marques, Joaquim Caetano, João Pereira, Miguel Rodrigues

Era um dos livros que trazia começados de 2024 e, sendo livro de estudo, acho que só tenho de pôr os conhecimentos em prática, por isso fica a análise SWOT deste livro:

Strenght: Um excelente resumo de fundamentos de marketing, principalmente para quem pode não ter algumas bases do marketing mais “tradicional”.

Weakness: A revisão é fraca e, por isso, há parágrafos inteiros em que dá vontade de desatar a corrigir vírgulas e outras questões gramaticais.

Opportunity: É o tipo de livro que consegue ter sempre várias edições e, em todas elas, ir melhorando as falhas.

Threat: O capítulo sobre o digital, sendo de uma edição de 2021, não acrescenta muito.

One in a Millennial, de Kate Kennedy

Propaganda na qual caio sempre: livros de crónicas ou ensaios que me possam parecer representativos da minha geração e que no final me desiludem porque não valem a pena. Achei que seria uma leitura descontraída sobre a geração a que pertenço, mas acabei por achar o livro um pouco aborrecido, com uma escrita que não me cativou.

O Peso do Pássaro Morto, de Aline Bei

Queria muito, mas não faço parte dos enamorados pela escrita da Aline Bei. Já Pequena Coreografia do Adeus me tinha deixado com dúvidas em relação à escrita, mas O Peso do Pássaro Morto confirmou que pode ser engraçado ler uma história com uma estrutura atípica, mas não acho apelativo e tenho pena, porque a Aline Bei me parece espetacular. Só não acho que os livros dela sejam para mim.

Uma Aventura na Curva do Rio, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

Quem diria que, em 2025, ia ler Uma Aventura e que isso aconteceria porque o meu algoritmo do TikTok me mostra tudo o que as incríveis Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. Mas tudo bem porque é reconfortante voltar a estas personagens.

A Família Caserta, de Aurora Venturini

Depois de ter gostado tanto de As Primas, tinha expectativas de descobrir em A Família Caserta uma história igualmente boa. No entanto, o estilo narrativo de que gostei n’As Primas não funcionou comigo neste livro. Para quem tem García Márquez como referência, não achei que o realismo mágico fosse algo que me afastasse de um livro — mas aconteceu aqui. Não fiquei sequer com grande vontade de ler muito mais do que possa vir a ser traduzido da autora…

Dopamine Nation, de Anna Lembke

Infelizmente, acho que o livro falha em abordar o tema principal e segue um caminho que o afasta daquilo que devia ser: um ensaio científico sobre dopamina e a sociedade de vícios. Felizmente, a narração do audiobook ajudou muito nesta leitura, caso contrário acho que ainda hoje estaria a tentar acabar.

P.S.: Julguei muito a autora no seu “vício” de ler ficção. Que raio de vício é esse?

O Regresso das Ditaduras, de António Costa Pinto

Este ano tenho-me dedicado a audiobooks e, com a Biblioled, descobri uma forma de explorar os livros da Fundação Francisco Manuel dos Santos neste formato, algo que acho que me vai acompanhar durante o resto do ano. A minha primeira experiência com audiobooks da Biblioled foi O Regresso das Ditaduras, um livro de que gostei muito. É um bom resumo para quem pretende uma introdução ao tema de que tanto se tem falado. Gostei muito da narração também.

O Palácio de Papel, de Miranda Cowley-Heller

Vou contar a minha história com este livro: foi livro do mês do Livra-te em outubro de 2022 e, com tanta opinião positiva, comprei-o na Feira do Livro do Porto em 2023. Em abril de 2024 comecei a ler e, depois de uma semana a sofrer para ler as primeiras cem páginas, desisti. Voltei a ele em junho e li as 400 páginas em dois dias. Não adorei o livro nem a escrita, mas realmente este é a prova de que há livros para os quais é preciso estar com a disposição certa.

We All Want Impossible Things, de Catherine Newman

É um livro profundamente pesado, apesar de não o parecer à primeira vista. A ideia de começar a fazer o luto por alguém quando a pessoa ainda está viva e assistir à sua despedida é tão dolorosa que só de ler esta história já custa… Gostei da escrita, mas foi um livro tão difícil de digerir…

Sintra, de Hugo Gonçalves

Descobri esta coleção por acaso e já estava maravilhada antes de começar a ler. É um ensaio curto, acompanhado de fotografias lindas de Sintra, com um relato muito bonito, mas significante, sobre quando o Hugo quis apresentar Sintra ao filho. Confirmo que amo a escrita do Hugo Gonçalves em não-ficção.

Deep Cuts, de Holly Brickley

Gostei de ser um livro cheio de referências musicais, mas acho que, a certo ponto, as referências pareciam ali coladas para parecer que certas cenas eram mais do que aquilo que na realidade eram, meio que não eram referências necessárias ou eram referências demasiado óbvias. As personagens não me pareceram bem exploradas e tive zero interesse na história da Percy e do Joe. Acho que o ponto de vista do Joe podia ter ajudado a história e gostei dos pequenos artigos musicais, embora perceba que não seja algo de que todos gostem.

As Vidas dos Outros, de Pedro Mexia

Tinha gostado muito de Lá Fora e, por isso, estava curiosa para reencontrar as crónicas do Pedro Mexia, no entanto As Vidas dos Outros não foi uma leitura tão linear e apelativa quanto Lá Fora. São crónicas mais ensaísticas e, por isso, acabam por exigir não só mais conhecimento dos temas, mas também mais disponibilidade para ler textos que vão além da observação pura. Ainda assim, As Vidas dos Outros é o tipo de livro que promete mostrar o Pedro Mexia intelectual nas crónicas e cumpre perfeitamente.

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