- Quando: 9 a 11 de janeiro de 2024
- Gatilhos: ser preconceituoso com aplicações de encontros
Embora alguns assumam que a geração digital navega facilmente por plataformas sociais, aquilo que mais noto é que continua a haver muitas dúvidas quando se fala de aplicações de encontros. Podemos dominar os termos, mas quando chega o momento de falar de plataformas destas há sempre dúvidas, medos, questões e inquietações. É só criar perfil? Como é que escolho pessoas? O que digo sobre mim? Como é que converso com pessoas? Quando utilizava o Tinder e falava sobre isso recebia sempre perguntas sobre o assunto. Durante o Desengatados aconteceu novamente. As pessoas têm curiosidade, mas o medo ganha. Querem conhecer pessoas, mas o preconceito ganha. Quando descobri a existência do Swipe, Match, Date quis logo ler, apesar de na altura já nem sequer estar no Tinder.
Esperava um livro que fosse uma espécie de manual de introdução e foi precisamente isso que encontrei. Aqui, Rita Sepúlveda, cuja tese de doutoramento é sobre aplicações de encontros, explora o universo deste tipo de plataformas desde o momento de criação do perfil até ao momento em que pode fazer sentido apagá-lo, com todos os momentos cruciais pelo meio: o que colocar no perfil, os objetivos da incursão, conversar com pessoas, marcar encontros presenciais… Swipe, Match, Date é mesmo o manual certo para quem quer experimentar este tipo de aplicações e não sabe como começar ou por onde começar. Achei-o muito útil e completo nesse sentido. Além disso, está escrito com sentido de humor, tem alguns exercícios práticos e desmistifica vários preconceitos associados a estas aplicações (incluindo o clássico de só servirem para sexo).
Para mim, que já conheço o funcionamento e já não uso há muito tempo, foi uma leitura mais de curiosidade temática — mas leria algo na mesma linha que passasse para lá dos conceitos introdutórios. Eu sei que continua a haver muitos medos e muitos preconceitos, mas aquilo que digo sempre é que se encontra de tudo numa aplicação destas. Sim, muitos estão lá para encontrar sexo. Mas também há quem esteja a tentar conhecer pessoas com o objetivo de talvez conseguir uma relação séria. E há, claro, dezenas de nuances do que alguém procura ali. Estejas em que ponto estiveres, desde que saibas o que procuras vai ser fácil filtrar as pessoas que encontras. E depois há outra questão fundamental: tal como não sabes o que pode acontecer quando conheces alguém no mundo offline também não sabes o que pode acontecer quando conheces alguém no mundo online. As pessoas primeiro conhecem-se e depois é que descobrem o que podem ser.
Se escolhi o Dia dos Namorados para falar sobre este livro de propósito? Sim, escolhi. Sei que é uma data que, para muitos, pode criar algum tipo de sentimento de solidão e pode dar vontade de criar perfil numa aplicação de encontros só para acabar com essa solidão. E, se assim for, talvez possas primeiro passar por este livro e depois embarcar tranquilamente pelas aplicações que escolheres utilizar. Acima de tudo, precisas de ter boa disposição, uma ideia clara do que queres e do que não queres e mente aberta para partir à descoberta. Vai só. Conhece pessoas. Coleciona histórias. Quem sabe encontras alguém especial.
Nunca li, mas parece interessante 🙂