morreste-me [josé luís peixoto]

Este livro não estava nos meus planos. Nunca tinha lido José Luís Peixoto, mas tinha visto uma entrevista dele e depois encontrei uma edição do livro disponível no Kobo Plus e, como é algo pequenino, acabei por o ler de uma assentada, com consciência de que era um relato de luto que certamente traria muita carga emocional.

Morreste-me é uma carta de despedida tão triste quanto bonita, de um filho para o pai que morreu. É, na verdade, um livro muito próximo do autor, uma vez que foi escrito depois da morte do pai do José Luís Peixoto. De escrita simples, Morreste-me lê-se como um desabafo, um murmúrio de saudade e tristeza ao qual não conseguimos ficar indiferentes. A carga emotiva está lá e sente-se, marca-nos.

E tudo isto é agora pouco para te conter. Agora, és o rio e as margens e a nascente, és o dia, e a tarde dentro do dia, e o sol dentro da tarde, és o mundo todo por seres a sua pele. Pai. Nunca envelheceste, e eu queria ver-te velho, velhinho aqui no nosso quintal, a regar as árvores, a regar as flores. Sinto tanta falta das tuas palavras.

Não sei ao certo por que motivo nunca tinha lido qualquer livro do José Luís Peixoto, ainda por cima quando ouço falar tão bem deste há tantos anos, mas, embora saiba que não o vou fazer em breve, acho que será um autor ao qual vou querer voltar no futuro, para explorar algo menos pessoal e emotivo.