- Quando: 3 a 11 de fevereiro de 2024
- Gatilhos: hmmm, todos? 😬
Foi muito tempo a querer ler Cleópatra & Frankenstein. Estive para participar na leitura conjunta do Clube do Livra-te em junho do ano passado, mas acabei a só comprar o meu exemplar na Feira do Livro do Porto e fui deixando passar… até que foi escolhido como livro do mês de fevereiro no The Characters Club, a desculpa certa para o ler já.
Foi tanto tempo a querer lê-lo que esperava pelo menos terminar com ideia exata do que tinha achado do livro. Acontece que não sei bem o que dizer. Não gostei, mas também não desgostei. Não foi bom nem foi mau. Sinceramente foi aquilo a que muito intelectualmente definiria como meh. Já me explico.
Cleópatra & Frankenstein é a história de Cleo e Frank, que se conhecem à saída de uma festa de ano novo. Cleo é britânica e está em Nova Iorque com um visto de estudante prestes a caducar. Frank é publicitário, vinte anos mais velho e cheio de êxitos profissional.
A ligação entre os dois acaba por os levar a casar impulsivamente. Frank dá a Cleo a oportunidade de conseguir visto de residente, mas também de se poder dedicar exclusivamente à pintura. Só que entre arte, dinheiro e liberdade, ambos são pessoas com uma complexidade surpreendente — e vivem rodeados de pessoas igualmente complexas, desde Quentin, o melhor amigo de Cleo que não só não sabe lidar com a sua identidade de género, mas também não sabe lidar com a sua dependência de substâncias ilícitas; a Zoe, a irmã mais nova de Frank, que depende dele financeiramente e se vê envolta em tantas dívidas que decide que o caminho certo é ser sugar baby. E depois, claro, há a depressão de Cleo e o alcoolismo de Frank, numa receita perfeita para o desastre.
— O buraco é a solidão — disse Cleo calmamente.
— Como assim? — disse Audrey.
— Tu não podes ficar por cima de alguém e dizer-lhes para saírem do buraco — disse ela. — Ou ensinar como sair ou rezar para que saiam. Tens de estar no buraco com eles.
— Tu achas mesmo que é isso? — disse Zoe.
— É por isso que é um enigma — disse Cleo. — Com mais alguém no buraco contigo, significa que tu já não estás no buraco.
Em primeiro lugar, não sei se foi pela tradução ou se é mesmo a escrita da Coco Mellors, mas não gostei tanto da escrita como me diziam que ia acontecer. Senti alguma inconstância — tanto havia cenas e diálogos bons como havia outros que não o eram. Em certa medida acho que o facto de cada capítulo ter o foco numa personagem diferente influencia isto, porque muitas vezes estamos a falar de personagens pouco amistosas, logo é normal que aquilo que nos é dito por elas não seja bem recebido.
Em segundo lugar, acho que é um livro que, apesar de ter um rácio de gatilhos por página muito elevado não faz com que isso soe forçado, o que é um ponto positivo. No entanto, embora concorde que as pessoas são muito complexas, como é que conseguiram todas juntar-se no meu círculo de amizades? Que feito! É que realmente a Cleo e o Frank atraíram todo o tipo de pessoas, quase tão complexas quanto eles. Aliás, o sentimento com que fico é que Cleópatra & Frankenstein é um livro tão complexo quanto as suas personagens.
Embora me tenha identificado com algumas questões, não consegui conectar-me totalmente nem com a história nem com as personagens. Se calhar o problema sou eu. Irei dar outra oportunidade à Coco Mellors, cujo livro Blue Sisters sai em abril, mas definitivamente este não foi uma boa escolha para mim.
Título original: Cleopatra & Frankenstein
Título em português: Cleópatra & Frankenstein
Autora: Coco Mellors
Ano: 2022 (PT: 2023)
Já me cruzei imensas vezes com este livro mas nunca me senti tentada a lê-lo.
Partilho totalmente da tua opinião! Tinha imensa vontade de ler o livro e – ao fim de vários meses- lá acabei por comprar!
Mas também achei que faltava qualquer coisa que me envolvesse mais na história… Questionei-me se seria a tradução ou se este é o estilo de escrita da Coco Mellors. Para mim, o livro não me convenceu (fiz algum sacrifício para ler até ao final)😌